A destruição da hospedaria de Da
Derga
Togail Bruidne Da Derga
O
Livro da Vaca Parda
Tradução
do irlandês por Whitley Stokes
Existia um nobre e famoso rei em
Erin chamado Eochaid Feidlech. Certa vez, ele foi até o gramado de Brí Léith1
e viu na beira de um poço uma mulher com um brilhante pente prateado adornado
com ouro, lavando-se em uma bacia de prata com quatro pássaros dourados e
pequenas e brilhantes joias de carbúnculo roxo nas bordas da bacia. Ela tinha
um manto roxo e frisado com franjas prateadas dispostas, uma bela capa, e um
broche feito com o mais nobre ouro. Ela vestia um kirtleA longo, encapuzado, forte e liso, feito com seda
verde com bordados vermelhos de ouro. Tinham maravilhosos fechos de ouro e
prata no kirtle em seus seios e
ombros, e espaldares em ambos os lados. O sol brilhava sobre ela de modo que o
ouro de sua seda verde contra o sol se manifestava para o homem. Em sua cabeça
estavam duas madeixas louras, em cada uma das quais estava uma trança de quatro
cachos, com uma conta na ponta de cada cacho. A cor daquele cabelo parecia para
ele a flor de íris no verão, ou o ouro vermelho após ser queimado.
Lá estava ela, desfazendo seu
cabelo para lavá-lo, com seus braços saindo através das mangas de sua bata.
Brancas como a neve de uma noite eram suas duas mãos, macias e uniformes, e
vermelhas como a dedaleira eram suas duas belas e claras bochechas. Suas
sobrancelhas eram escuras como as costas de um veado-besouro. Seus dentes em
sua cabeça era como uma chuva de pérolas. Seus olhos eram azuis como jacintos. Seus
lábios eram vermelhos como as bagas de sorveira. Seus ombros eram muito altos,
macios e suavemente brancos. Seus dedos eram claros, brancos e compridos. Suas
mãos eram longas. Branco como a espuma de uma onda era seu flanco, magro,
longo, delicado, macio e suave como a lã.
Reluzentes e quentes, lustrosas
e brancas eram suas duas coxas. Redondos e pequenos, fortes e brancos eram seus
dois joelhos. Pequenas, brancas e retas eram suas duas canelas. Precisamente
retos, […] e belos eram seus dois calcanhares. Se seus dois pés fossem medidos,
dificilmente encontraria-se alguma diferença entre eles, a menos que a carne da
pele crescesse sobre eles. O brilho radiante da lua estava em seu nobre rosto,
a imponência do orgulho estava em suas suaves sobrancelhas e a luz do cortejo
estava em dois olhos régios. Uma covinha de prazer em cada uma de suas
bochechas, salpicadas2 uma vez com pontos roxos com a vermelhidão do
sangue de um bezerro, e outra vez com o brilho lustroso da neve. Uma dignidade
feminina estava em sua voz; ela tinha um passo firme e lento: ela tinha um
porte de rainha. Verdadeiramente, de todas as mulheres do mundo, ela era a mais
querida, adorável e justa que os olhos dos homens já tinham visto. Parecia para
o Rei Eochaid e seus seguidores que ela vinha dos montes encantados. Sobre ela,
foi dito: “Formosas são todas, até serem comparadas com Étáin.” “Queridas são
todas, até serem comparadas com Étáin.”
Um desejo por ela imediatamente
apoderou-se do rei; ele então enviou um homem de seu povo para prendê-la. O rei
pediu notícias e ela disse, enquanto ele se declarava: “Deverei eu ter uma hora
de galanteio contigo?”
“Foi por isso que viemos para cá
sob tua salvaguarda,” respondeu ela.
“Pergunto, quem tu és e onde
vens?” disse Eochaid.
“Fácil dizer,” respondeu ela,
“Étáin eu sou, a filha de Etar, rei da cavalgada dos montes encantados. Eu
estive aqui por vinte anos desde que nasci em desses montes. Os homens dos
montes encantados, tanto rei como nobres, estiveram me cortejando: mas não
conseguiram nada de mim, pois desde que fui capaz de falar, eu te amei e te dei
o amor de uma criança devido aos grandes contos sobre ti e teu esplendor. E
embora eu nunca tenha te visto, te reconheci imediatamente pela tua descrição:
és tu, então, eu encontrei.”
“ ‘Nenhuma busca de amigo
doente’ será tua,” disse Eochaid. “Tu terás boas vindas e por ti deixarei todas
as outras mulheres, e apenas contigo eu viverei enquanto tu tenhas honra.”
“Dê-me o meu apropriado preço de
noiva!” disse ela, “e posteriormente, meu desejo.”
“Tu terás ambos,” disse Eochaid.
Sete cumals3 foram dados para ela.4
Então o rei, Eochaid Feidlech,
morreu deixando uma filha chamada, tal como sua mãe, de Étáin, que se casou com
Cormac, o rei de Ulaid.
Após um tempo, Cormac, o rei de
Ulaid, “o homem dos três dons”, abandonou a filha de Eochaid pois ela era
estéril, salvo por uma filha que ela deu a luz para Cormac após a feitura de
uma sopa que sua mãe – a mulher dos montes encantados – deu para ela. Ela então
disse para sua mãe: “Ruim é aquilo que me deste: é uma menina que carrego.”
“Isto não será bom,” disse sua
mãe, “estará nela a perseguição (?) de um rei.”
Cormac então casou-se novamente
com sua esposa, Étáin, e o seu desejo era que a filha da mulher fosse
abandonada, isto é, que sua própria filha fosse morta. Assim, Cormac não deixou
que a menina fosse amamentada pela sua mãe. Seus dois escravos então a levaram
até um buraco, e quando eles a estavam colocando lá, a criança sorriu, e sua
natureza amável veio sobre eles. Eles a levaram até o galpão dos bezerros dos
vaqueiros de Etriscél, o bisneto de Iar, rei de Tara, e eles a criaram até ela
se tornar uma boa bordadora, e não havia na Irlanda uma filha de um rei mais
querida que ela.
Uma casa cercada (?) feita com
vime foi construída pelos escravos para ela, sem qualquer porta, possuindo
apenas uma janela e uma claraboia. O povo do Rei Eterscél espionou a casa pois
eles supuseram que os vaqueiros guardavam comida ali. Um deles subiu, olhou
através da claraboia e viu na casa a mais querida e a mais linda donzela! Isso
foi contado para o rei, que imediatamente enviou seu povo para destruir a casa
e levá-la sem o consentimento dos vaqueiros. Pelo fato do rei não ter filhos,
foi profetizado para ele pelos seus feiticeiros que uma mulher de raça
desconhecida lhe daria um filho.
O rei então disse: “Essa é a
mulher que foi profetizada para mim!”
Enquanto ela estava lá na manhã
seguinte, ela viu um Pássaro na claraboia vindo até ela, e ele deixou sua pele
de pássaro no chão da casa, foi até ela e a capturou5, dizendo:
“Eles estão vindo atrás de você, à mando do rei, para destruir sua casa e te
levar a força. Tu engravidarás de mim e terás um filho que não deverá matar
pássaros6. ‘Conaire, o filho de Mess Buachalla’ será seu nome, pois
ele é de Mess Buachalla, ‘a filha adotiva dos vaqueiros’.”7
Ela então foi levada até o rei
junto com seus pais adotivos e foi desposada pelo rei, que lhe deu sete cumals e para seus pais adotivos, outras
sete cumals. Posteriormente, estes
pais adotivos se tornaram líderes de clãs, de forma que todos eles se tornaram
legítimos, por esse motivo são os dois Fedlimthi Rechtaidi. Ela então deu a luz
à um filho para o rei, chamado Conaire filho de Mess Buachalla, e estes foram
seus três pedidos urgentes para o rei: a criação de seu filho entre três
famílias (?), que é, os seus pais adotivos que a criaram, os dois Mainès das
Palavras-de-mel, e ela mesma sendo a terceira; e ela disse que tais homens da
Irlanda que desejassem fazer qualquer coisa por esse menino deviam pedir para
essas três famílias para a proteção do menino.
Ele então foi criado dessa forma
e os homens da Irlanda foram imediatamente conhecer esse menino no dia em que
ele nasceu. Os outros meninos que foram criados com ele eram: Fer Le, Fer Gar e
Fer Rogein, os três bisnetos de Donn Désa o Campeão, um militar da armada de
Muc-Lesi (?).
Conaire possuía três dons: o dom
da escuta, o dom da visão e o dom do julgamento. Ele ensinou um desses três
dons para cada um de seus irmãos adotivos. Qualquer que fosse a refeição
preparada para Conaire, os quatro a consumiam, mesmo que três refeições fossem
preparadas para Conaire, todos eles iam para a mesma refeição. Eles usavam as
mesmas vestes, a mesma armadura e seus cavalos tinham a mesma cor.
Então, o rei Eterscéle morreu.
Uma festa-do-touro8 foi organizada (?) pelos homens da Irlanda a fim
de determinar o seu futuro rei, isto é, um touro era morto por eles e um homem
comia sua carne e bebia seu caldo9, e um feitiço da verdade era
cantado sobre ele em sua cama. Quem quer que fosse o homem que ele visse em seu
sonho seria o rei, e o sonhador morreria10 se mentisse.
Quatro homens em bigas estavam
na Planície de Liffey jogando: Conaire e seus três irmãos adotivos. Seus irmãos
foram até ele para que ele pudesse se dirigir até a festa-do-touro. O
festeiro-do-touro, em seu sono, no final da noite viu um homem nu, passando
pela estrada de Tara, com uma pedra em sua fundaB.
“Eu irei pela manhã, depois de
vocês,” respondeu ele.
Ele deixou seus irmãos em seu
jogo e virou sua biga e seu cocheiro para chegar em Dublin. Lá ele viu grandes
pássaros de cor branca, malhados, de um tamanho, cor e beleza incomum. Ele os
perseguiu até seus cavalos ficarem cansados. Os pássaros ficaram a uma curta
distância na frente dele e não iam longe. Ele levantou e pegou sua funda na
biga. Ele os seguiu até chegarem no mar, e os pássaros foram até as ondas.
Conaire foi até eles e os venceu.11 Os pássaros abandonaram suas
peles de pássaro e viraram-se contra ele com lanças e espadas. Um deles
protegeu Conaire e dirigiu-se a ele, dizendo: “Eu sou Némglan, o rei dos
pássaros de teu pai; e tu foste proibido a atirar em pássaros12,
pois aqui não há ninguém que não seja querido para ti por conta de seu pai ou
mãe.”
“Eu não sabia disto,” disse
Conaire, “até hoje.”
“Vá para Tara esta noite,” disse
Némglan, “isto é adequado para ti. Uma festa-do-touro está acontecendo lá e
através dela tu serás rei. Um homem completamente nu, que deve caminhar no
final da noite por uma das estradas de Tara, tendo uma pedra e uma funda – este
é o homem que será rei.”
Conaire seguiu em diante dessa
forma, e em cada uma das quatro estradas por onde os homens vão para Tara
haviam três reis esperando por ele, segurando vestes para Conaire, já que tinha
sido profetizado que um homem viria completamente nu. Ele então foi visto da
estrada na qual seus irmãos estavam, e eles colocaram uma vestimenta real sobre
ele, o colocaram em uma biga e Conaire ressaltou suas promessas.
O povo de Tara disse para ele: “Parece-nos
que nossa festa-do-touro e nosso feitiço da verdade são falhos, já que vimos
apenas um jovem e imberbe rapaz.”
“Este não é o momento,”
respondeu ele. “Pois não é uma desgraça um rei jovem e generoso como eu estar
no reinado, já que o comprometimento com os penhores de Tara é meu pelo direito
de pai e avô.”
“Excelente! Excelente!” disseram
as tropas. Eles colocaram o reinado da Irlanda sobre ele. Ele disse: “Farei
perguntas aos sábios para que eu mesmo possa ser sábio.”
Ele então proferiu tudo o que
tinha sido lhe ensinado pelo homem na onda, que disse para ele: “Teu reinado
será sujeito à uma restrição, mas o reinado-de-pássaro será nobre, esta é a
restrição, isto é, os teus tabus:”
“Tu não deves ir no sentido
horário ao redor de Tara e no sentido anti-horário ao redor de Bregia.”
“As bestas malignas de Cerna não
devem ser caçadas por ti.”
“Tu não deves sair de Tara a
cada nona noite.”
“Tu não deves dormir em uma casa
onde uma fogueira está sendo acesa do lado de fora, após o crepúsculo, e na
qual uma luz se manifesta dentro.”
“Os três Vermelhos não devem ir
diante de ti para a casa do Vermelho.”
“Nenhuma rapina deve ser feita
em seu reino.”
“Após o crepúsculo, uma
companhia de uma mulher ou de um homem não deve entrar na casa em que estás.”
“Tu não deves resolver (?) a
briga de teus dois servos.”
Haviam três grandes
generosidades no reinado de Conaire: sete navios chegando todo ano em junho em
Inver Colptha13, carvalhos cheios de bolotas em todo outono e
abundância de peixes nos rios Bush e Boyne em junho de cada ano, e tais
abundâncias de boa vontade permaneceriam se ninguém matasse outra pessoa na
Irlanda durante o seu reinado. E para todos na Irlanda, a voz de seus
companheiros parecia tão doce quanto as cordas de alaúdes. Do meio da primavera
até o meio do outono, nenhum vento perturbava a cauda das vacas. Seu reinado
não foi trovejante e nem tempestuoso.14
Os irmãos adotivos de Conaire
murmuraram sobre o roubo dos presentes de seu pai e avô: o Furto, o Roubo, o
Assassinato e a Rapinagem. Eles furtavam do mesmo homem, todo ano, um porco, um
boi e uma vaca, para que pudessem ver que punição o rei infligiria sobre eles e
que danos o roubo no reinado de Conaire poderia causar para o rei.
Todo ano o fazendeiro ia até o
rei para se queixar e o rei dizia para ele, “Vá e dirija-se aos três bisnetos
de Donn désa, pois foram eles que roubaram os animais.” Qualquer pessoa que
fosse falar com os descendentes de Donn désa era quase morto por eles15,
e a pessoa não voltava para o rei a menos que Conaire cuidasse16 (?)
de seu prejuízo.
Orgulho e obstinação
apoderaram-se deles, e então, eles começaram a saquear, rodeados pelos filhos
dos senhores dos irlandeses. Três vezes cinquenta homens eles tinham como seus pupilos,
quando estes se transformavam em lobos17 C na província de
Connaught, até o guardador de porcos de Maine Milscothach vê-los, vendo algo
que nunca tinha visto antes. O guardador de porcos fugiu, e quando eles o
ouviram, correram atrás dele. O homem gritou e o povo dos dois Mainès vieram
até ele. Três vezes cinquenta homens foram presos junto com seus auxiliares e
levados para Tara. Eles consultaram o rei sobre o assunto e ele disse: “Que
cada pai mate seu filho, mas que meus filhos adotivos sejam poupados.”
“Sim, sim!” disseram todos,
“isto será feito por ti.”
“Na verdade, não,” respondeu
ele, “nenhuma18 ‘tirada de vida’ será o meu julgamento. Os homens
não devem ser enforcados, mas que os veteranos vão com eles para que possam
rapinar nos homens de Alba.”
Eles então assim fizeram. Por
consequência, eles foram para o mar e encontraram o filho do rei da Bretanha,
Ingcél de Um-Olho, neto de Conmac: três vezes cinquenta homens e seus veteranos
eles encontraram no mar.
Eles fizeram uma aliança e foram
com Ingcél para rapinar com ele.
Essa foi a destruição que seu
próprio impulso lhe deu. Esta foi a noite em que sua mãe, seu pai e seus sete
irmãos foram convidados para a casa do rei de seu distrito. Todos eles foram
destruídos por Ingcél em uma única noite. Então os piratas irlandeses o
colocaram no mar para ir até a Irlanda a fim de causar uma destruição como
pagamento por aquilo que Ingcél tinha feito para eles.
No reinado de Conaire havia uma
perfeita paz em Erin, exceto que em Thomond estava tendo uma batalha entre os
dois Carbres.
Eles eram dois de seus irmãos
adotivos. Até Conaire chegar, era impossível que os dois fizessem as pazes. Era
um tabu de Conaire separá-los antes deles se resolverem. Ele, no entanto,
apesar de ser um de seus tabus, fez as pazes entre eles e permaneceu cinco
noites com cada um dos dois. Isto também era um tabu.
Após resolver as duas brigas,
ele viajou para Tara. No caminho para Tara eles passaram por Usnech de Meath, e
lá viram uma invasão do leste e oeste, do sul e norte, vendo também bandos de
guerra e tropas e o homem completamente nu; e uma nuvem de fogo estava na terra
dos O’Neills do sul.
“O que é isso?” perguntou
Conaire. “Fácil dizer,” seu povo respondeu. “É fácil saber que a lei do rei foi
quebrada ali, uma vez que o país começou a queimar.”
“Para onde devemos ir?” disse
Conaire.
“Para o nordeste,” disse seu
povo.
Eles então foram no sentido
horário ao redor de Tara, no sentido anti-horário ao redor de Bregia e as clóenmíla (bestas malignas?) de Cerna
foram caçadas por ele, mas ele não as viu até a caça ter terminado.
Foram os elfos que fizeram
aquela fumacenta neblina de magia pois os tabus de Conaire haviam sido
violados.
Um grande medo então abateu-se
sobre Conaire, pois eles não tinham nenhum outro caminho para seguir se não
fosse a Estrada de Midluachair e a Estrada de Cualu.
Eles então seguiram seu caminho
pela costa sul da Irlanda.
Conaire disse na Estrada de
Cualu: “Para onde devemos ir esta noite?”
“Que eu tenha sucesso em lhe
dizer!19 Meu filho adotivo, Conaire,” disse Mac cecht, o filho de
Snade Teiched, o campeão de Conaire filho de Eterscél. “Mais frequentemente os
irlandeses estiveram brigando por ti todas as noites do que tu estás buscando uma
casa de hóspedes.”
“O julgamento vai com bons
tempos,” disse Conaire. “Tenho um amigo nessa região, se eu eu apenas soubesse
o caminho para sua casa!”
“Qual é o nome dele?” perguntou
Mac Cecht.
“Dá Derga de Leinster,”
respondeu Conaire. “Ele veio até mim para obter um presente, e não veio com uma
recusa. Dei-lhe uma centena de vacas do rebanho. Dei-lhe uma centena de suínos
engordados. Dei-lhe uma centena de mantos feitos de(?) pano estreito. Dei-lhe
uma centena de armas azuis de batalha. Dei-lhe dez broches de ouro vermelho. Dei-lhe
dez tinas (…) boas e marrons. Dei-lhe dez servos. Dei-lhe dez moinhos manuais.
Dei-lhe três vezes nove cães de caça, inteiramente brancos, com coleiras de
prata. Dei-lhe uma centena de cavalos de corrida nas manadas dos veados (...).20
Não haverá abatimento nesse caso, embora ele possa vir novamente. Ele daria a
outra coisa em troca. Seria estranho se ele fosse grosseiro comigo esta noite
quando eu chegasse em sua casa.”
“Quando eu estava familiarizado
com sua casa,” disse Mac Cecht, “a estrada pela qual estás indo em sua direção
era a fronteira de sua casa. Ela continua até entrar em sua casa, pois a
estrada passa através dela. Há sete entradas para a casa e sete quartos entre
cada duas soleiras, mas há apenas uma única válvula de porta nela, e esta
válvula é girada para cada porta na qual o vento sopra.”
“Com tudo que tens aqui,” disse
Conaire, “tu deverás ir com tua grande multidão até desmontar no meio da casa.”
“Se for assim,” respondeu Mac
Cecht, “que tu irás para lá, eu irei para que eu possa atirar fogo lá em sua
frente.”
Após isso, quando Conaire estava
viajando pela Estrada de Cuálu, ele viu diante dele três cavaleiros cavalgando
em direção à casa. Eles tinham três túnicas vermelhas, três mantos vermelhos,
carregavam três broquéis, três lanças vermelhas estavam em suas mãos, três
corcéis vermelhos eles montavam e três cabelos ruivos estavam sobre eles. Eles
eram todos vermelhos, tanto o corpo como o cabelo e as vestimentas, tanto os
corcéis como os homens.
“Quem são aqueles que passam
diante de nós?” perguntou Conaire. “É um tabu meu que aquele trio passe em
minha frente – os três Vermelhos para a casa do Vermelho. Quem os seguirá e os
dirá para virem em minha direção em meu caminho?”
“Eu os seguirei,” disse Lé Fri
Flaith, o filho de Conaire.
Ele foi atrás deles, chicoteando
seu cavalo, e não os alcançou. Havia o comprimento de um arremesso de lança
entre eles, mas eles não o alcançou e nem ele os alcançaram.
Ele disse para eles não passarem
na frente do rei. Ele não os alcançou, mas um dos três homens cantou uma canção
para ele sobre seu ombro:
“Ei, meu filho, grandes são as
novidades, novidades de uma hospedaria
[…]
Ei, meu filho!”
Eles então foram embora, e ele
não pôde os deter.
O menino esperou pela tropa. Ele
contou para seu pai o que foi dito a ele e Conaire não gostou disto. “Vá tu
atrás deles!” disse Conaire, “e ofereça-lhes três bois e três porcos, e
enquanto estiverem em minha casa, ninguém ficará entre eles, do fogo até a
parede.”
O rapaz então os seguiu e ofereceu-lhes
aquilo, mas não os alcançou. Um dos três homens cantou uma canção para ele
sobre seu ombro:
“Ei,
meu filho, grandes são as novidades! O grande ardor de um rei generoso te
estimula, te queima. Através dos encantamentos dos homens velhos, uma companhia
de nove21 submete-se. Ei, meu filho!”
O garoto voltou e repetiu a
canção para Conaire.
“Vá atrás deles,” disse Conaire,
“e ofereça-lhes seis bois e seis porcos, as minhas sobras e meus presentes
amanhã, e enquanto estiverem em minha casa, ninguém ficará entre eles, do fogo
até a parede.”
O garoto então foi atrás deles e
não os alcançou, mas um dos três homens respondeu:
“Ei,
meu filho, grandes são as novidades. Cansados estão os corcéis que cavalgamos. Nós
cavalgamos os corcéis de Donn Tetscorach (?) dos montes encantados. Apesar de
estarmos vivos, estamos mortos. Grandes são os sinais: destruição da vida,
saciamento dos corvos, alimentação dos corvos22, luta de abate,
bordas de espadas molhadas e escudos com os ornamentos quebrados em horas após
o crepúsculo. Ei, meu filho!”
Eles então partiram.
“Vejo que tu não detiveste os
homens,” disse Conaire.
“De fato, não fui eu quem
traiu,” isto é, não suportou a incumbência, disse Lé Fri Flaith.
Ele recitou a última resposta
que eles lhe deram. Eles (Conaire e seus partidários) não ficaram alegres com
isso, e posteriormente, maus pressentimentos, que são, maus espíritos de
terror, apoderaram-se deles.
“Todos os meus tabus me pegaram
esta noite,” disse Conaire, “uma vez que aquele Trio Vermelho é o povo23
banido.”
Eles seguiram em direção à casa
e tomaram seus assentos nela, e prenderam seus corcéis vermelhos na porta da
casa.
Esta
foi a Antevisão dos Três Vermelhos no Bruden Dá Derga.
Este é o caminho que Conaire,
com suas tropas, pegou para Dublin.
Então o homem do cabelo negro e
cortado, com sua única mão, seu único olho e seu único pé24, os
alcançou. Ele tinha um cabelo curto e crespo. Se um saco cheio de maçãs fosse
jogado em sua cabeça, nenhuma maçã cairia no chão, mas ficariam agarradas em
seu cabelo. Se o seu nariz fosse jogado em um galho, eles ficariam grudados.
Longas e grossas como um jugo externo eram cada uma de suas duas canelas. Cada
uma de suas nádegas era do tamanho de um queijo em uma verga. Uma estaca
bifurcada de ferro com as pontas negras estava em sua mão. Um porco, com os
pelos negros, chamuscados, estava em suas costas, gritando continuamente, e uma
mulher de boca grande, imensa, negra, triste e horrorosa estava atrás dele. Se
seu nariz fosse jogado em um galho, o galho aguentaria. Seu lábio inferior
alcançava seus joelhos.
Ele foi em direção à Conaire e o
recebeu.
“Boas vindas a ti, ó mestre
Conaire! Há muito tempo já sabíamos de tua vinda.”
“Quem dá as boas vindas?”
perguntou Conaire.
“É Fer Caille25 aqui,
com seu porco negro para que tu consumas para que não tenhas que jejuar esta
noite, pois tu és o melhor rei que já veio ao mundo!”
“Qual é o nome de tua esposa?”
disse Conaire.
“Cichuil,” ele respondeu.
“Qualquer outra noite,” disse
Conaire, “que lhe agradar, eu irei até você, mas deixe-nos esta noite.”
“Não,” disse o homem rústico, “pois
iremos com você até o lugar onde ficarás esta noite, ó nobre e pequeno mestre
Conaire!”
Ele foi em direção à casa, com
sua enorme esposa de boca grande atrás dele e com seu porco de pelos curtos,
negro e chamuscado, gritando continuamente em suas costas. Este era um dos tabu
de Conaire, e um outro tabu dele era que a pilhagem acontecesse na Irlanda
durante o seu reinado.
Pilhagem então foi feita pelos
filhos de Donn Désa, e quinhentos era o número de seus saqueadores, além dos
subordinados que estavam com eles. Este, também, era um dos tabus de Conaire.
Existia um bom guerreiro no norte do país, ‘Carroça sobre galhos murchos’ era
seu nome. Ele era assim chamado pois costumava ir até seu oponente (?) como uma
carroça andava sobre galhos murchos. Pilhagem foi feita por ele e quinhentos
era o número de seus saqueadores apenas, além dos subordinados.
Existia além deles uma tropa de
heróis ainda mais altivos: os sete filhos de Ailill e Medb, cada um deles era
chamado de ‘Manè’. Cada Manè tinha um apelido: Manè Como-o-pai, Manè
Como-a-mãe, Manè Pouco-piedoso, Manè Muito-piedoso, Manè Não-lento, Manè das
Palavras-de-mel, Manè Domina-a-todos e Manè Loquaz. Rapinagem foi feita por
eles. Quanto à Manè Como-a-mãe e Manè Não-lento, quatorze vintenas era o número
de seus saqueadores. Manè Como-o-pai tinha trezentos e cinquenta. Manè das
Palavras-de-mel tinha quinhentos. Manè Domina-a-todos tinha setecentos. Manè
Loquaz tinha setecentos. Cada um dos outros tinha quinhentos saqueadores.
Existia um valente trio de
homens da Cualú de Leinster, os três Cães Vermelhos de Cualu: Cethach, Clothach
e Conall. Rapinagem foi feita por eles e doze vintenas era o número de seus
saqueadores, e eles tinham uma tropa de homens loucos26. No reinado
de Conaire, um terço dos irlandeses eram ladrões. Ele teve força e poder
suficiente para expulsá-los da Irlanda de forma que transferiu seus saques para
outro lugar (a Grã-Bretanha), mas após essa transferência, eles voltaram para
seu país.
Quando chegaram no rebordo do
mar, eles se encontraram com Ingcél do Um-Olho, com Eiccel e com Tulchinne, os
três bisnetos de Conmac da Grã-Bretanha, no furioso mar. Um homem desagradável,
imenso, medonho e grosseiro era Ingcél. Um único olho ele tinha em sua cabeça,
tão grande como couro de boi, tão negro como um besouro, com três pupilas
dentro. Treze centenas era o número de seus saqueadores. Os saqueadores dos
irlandeses eram mais numerosos que eles.
Eles foram em um encontro marinho,
no continente. “Vós não deveis fazer isto,” disse Ingcél, “não romper a verdade
dos homens (jogo justo) sobre nós, pois vós sois mais numerosos que eu.”
“Nada além de um combate em
termos iguais te acontecerá,” disseram os ladrões da Irlanda.
“Há algo um pouco melhor para
vós,” respondeu Ingcél. “Vamos fazer a paz, uma vez que vós fostes expulsos da
Irlanda e nós fomos expulsos de Alba e da Grã-Bretanha. Vamos fazer um acordo
entre nós. Venham e rapinem meu país, e eu irei contigo para fazer minha
rapinagem em teu país.”
Eles seguiram esse conselho e
ambos os lados deram penhores. As garantias que foram dadas à Ingcél pelos
irlandeses foram: Fer Gair, Gabur ou Fer Lee, e Fer Rogain, pela destruição que
Ingcél escolhesse fazer na Irlanda e pela destruição que os filhos de Donn Désa
escolhessem na Alba e na Grã-Bretanha.
Eles lançaram a sorte entre eles
para ver quem iria primeiro, e aconteceu dos homens da Irlanda irem com Ingcél
para seu país. Eles então foram para a Grã-Bretanha, e lá, seu pai, sua mãe e
seus sete irmãos foram mortos, como já dissemos antes. Posteriormente eles
foram para Alba, onde causaram a destruição, e então retornaram para a Irlanda.
Foi então, agora, que Conaire o
filho de Eterscéle, foi em direção à Hospedaria ao longo da Estrada de Cualu.
Os ladrões então vieram pelo mar
até a costa de Bregia contra Howth.
Os ladrões então disseram:
“Soltem as velas e formem um bando no mar para não sejam vistos da terra e
enviem algumas pessoas ligeiras entre vós para irem até a praia para ver se
podemos salvar nossas honras com Ingcél. Uma destruição pela destruição ele nos
deu.”
“Quem ira até a praia para
escutar? Alguém,” disse Ingcél, “que tenha os três dons deverá ir: o dom da
escuta, o dom da visão distante e o dom do julgamento.”
“Eu,” disse Manè das
Palavras-de-mel, “tenho o dom da escuta.”
“E eu,” disse Manè Não-lento,
“tenho o dom da visão distante e do julgamento.”
“Então é melhor que vão27,”
disseram os ladrões, “esta maneira é boa.”
Nove homens então foram até a
Colina de Howth, para saber o que poderiam escutar e ver.
“Fiquem quietos (isto é,
escutem) um pouco!” disse Manè das Palavras-de-mel.
“O que é isto?” perguntou Manè
Não-lento.
“Escuto o som da cavalgada de um
bom rei.”
“Pelo dom da visão distante eu
vejo,” respondeu seu companheiro.
“O que vês?”
“Eu vejo lá,” respondeu ele,
“cavalgadas esplêndidas, sublimes, belas, bélicas, estrangeiras, um pouco
delgadas, cansadas, ativas, fortes, estimuladas (?), veementes (?), um bom
curso que balança a grande cobertura (?) da terra. Eles passam por muitas
alturas, com maravilhosas águas e estuários.”
“Quais são as águas, alturas e
estuários que eles atravessam?”
“Fácil dizer: Indéoin, Cult,
Cuiltén, Máfat, Ammat, Iarmáfat, Finne, Goiste, Guistíne. Lanças cinzas sobre
bigas, espadas de punho de marfim nas coxas e escudos prateados acima dos
cotovelos. Metade são vermelhos (?) e metade são brancos. Eles vestem roupas de
todas as cores.”
“Depois disso eu vejo diante
deles um gado especialmente forte: três vezes cinquenta corcéis cinza-escuro. Eles
têm cabeças pequenas, narizes vermelhos (?), pontudos, cascos grandes, narizes
grandes, peitos vermelhos, gordos, param facilmente28, facilmente
jungidos, ágeis no ataque29, fortes, estimulados (?), veementes (?),
com suas três vezes cinquenta rédeas de esmalte vermelho sobre eles.”
“Eu juro pelo o que minha tribo
jura,” disse o homem da visão longa, “este é o gado de algum bom senhor. Este é
o meu julgamento disto: é Conaire, o filho de Eterscéle, com multidões de
irlandeses ao seu redor, que viaja pela estrada.”
Eles então voltaram para que
pudessem contar isso aos ladrões. “Isso,” eles disseram, “é o que vimos e
escutamos.”
Nessa tropa, então, havia uma
multidão, de ambos os lados: três vezes cinquenta barcos com cinco mil neles e
dez centenas em cada milhar30.Eles então içaram as velas dos barcos
e os dirigiram para a praia, até desembarcarem na Costa de Fuirbthe.
Quando os barcos chegaram na
praia, Mac Cecht estava acendendo um fogo na Hospedaria de Dá Derga. Com o som
da faísca, os três vezes cinquenta barcos foram arremessados de volta para os
rebordos do mar.
“Fiquem quietos um pouco!” disse
Ingcél. “Compare isto, ó Fer Rogain.”
“Eu não sei,” respondeu Fer Rogain,
“a não ser que seja Luchdonn, o satirista em Emain Macha31, que bate
sua mão quando sua comida é tirada dele à força, ou é o grito de Luchdonn em
Temair Luachra, ou é Mac Cecht acendendo uma chama, ao acender um fogo diante
do rei da Irlanda onde ele dorme. Cada faísca e cada centelha que seu fogo
deixa cair no chão é capaz de assar uma centena de bezerros e duas metades de
porco.”
“Que Deus não traga esse homem,
Conaire, aqui esta noite!” disseram os filhos de Donn Désa. “Triste é aquele
que está sob o mal dos inimigos!”
“Me parece,” disse Ingcél, “que
essa destruição não será mais triste para mim do que a eu lhe dei. Seria minha
alegria se ele, Conaire, viesse para cá.”
Sua frota foi dirigida para a
terra. O barulho que os três vezes cinquenta barcos fizeram ao chegarem na
praia sacudiu a Hospedaria de Da Derga de forma que nenhuma lança ou escudo
permaneceu nas prateleiras lá dentro, mas as armas proferiram um grito e caíram
no chão da casa.
“Compare isto, ó Conaire,”
disseram todos, “que barulho é este?”
“Eu não sei, a menos que a terra
tenha quebrado ou o Leviatã que circunda o globo32 bateu com sua
cauda para perturbar o mundo, ou o barco dos filhos de Donn Désa chegaram à
praia. Espero que não sejam eles que estão lá! Nossos amados irmãos adotivos
eles são! Queridos são os campeões. Nós não o temeremos esta noite.”
Conaire então foi até o gramado
da Hospedaria.
Quando Mac Cecht escutou o
barulho tumultuoso, pareceu para ele que os guerreiros tinham atacado o seu
povo. Com isso, ele saltou para sua armadura para ajudá-los. Grandioso como o
trovão de trezentos eles consideraram seu jogo ao saltar para suas armas.
Disso, não houve ganho.
Na proa do navio onde os filhos
de Donn Désa estavam, estava Ingcél do Um-Olho, grandemente equipado, colérico,
o leão severo e terrível, neto de Conmac. Grande como o couro de boi era o
único olho saliente de sua testa, com sete pupilas dentro, que eram negras como
um besouro. Cada um de seus joelhos eram tão grandes quanto o caldeirão de um
esfolador, cada um de seus punhos era do tamanho de uma cesta de colheita, suas
nádegas eram tão grandes quanto um queijo em uma verga e cada uma de suas
canelas eram tão longas quanto um jugo externo.
Depois disso, então, os três
vezes cinquenta barcos e os cinco mil – com dez centenas em cada milhar –
desembarcaram na Costa de Fuirbthe.
Então Conaire, com seu povo,
entrou na Hospedaria, e cada um tomou seu assento nela, tanto tabu como não
tabu. E os três Vermelhos tomaram seus assentos, e Fer Caille com seu porco
tomou seu assento.
Depois disso, Dá Derga foi até
eles com três vezes cinquenta guerreiros, cada um deles tendo um longo cabelo
nos poros de sua cabeça e uma curta capa em suas nádegas. Eles vestiam ceroulas33
salpicadas de verde e em suas mãos estavam três vezes cinquenta grandes maças
de espinhos com faixas de ferro.
“Bem-vindo, ó mestre Conaire!”
disse ele. “Apesar da grande quantidade de irlandeses que vieram convosco, eles
serão acolhidos.”
Quando estavam lá, eles viram
uma mulher sozinha vindo para a porta da Hospedaria, após o crepúsculo, e
querendo entrar. Tão longo quanto o cilindro de tear era cada uma de suas duas
canelas, e estas eram tão negras quanto as costas de uma cabra-louraD.
Ela usava um manto de lã acinzentado. Seu cabelo chegava até seu joelho. Seus
lábios estavam em uma fração de sua cabeça.
Ela chegou e colocou um de seus
ombros contra o batente da casa, lançando um mau olhado34 no rei e
nos jovens que o rodeavam na Hospedaria. O próprio rei se dirigiu a ela do lado
de dentro.
“Bem, ó mulher,” disse Conaire,
“se tu és uma feiticeira, o que vês para nós?”
“Verdadeiramente vejo para ti,”
ela respondeu, “que nem pele35 nem a carne de teu corpo escapará do
lugar para onde vieste, exceto o que os pássaros levarão em suas garras.”
“Não foi um mau augúrio que nós
pressagiamos, ó mulher,” disse ele, “não és tu que sempre pressagia para nós. Qual
é o teu nome, ó mulher?”
“Cailb,” ela respondeu.
“Isto não é bem um nome,” disse
Conaire.
“Ei (isto é, não escuro, isto é,
manifesto), muitos são meus nomes além deste.”
“Quais são eles?” perguntou
Conaire.
“Fácil dizer,” respondeu ela.
“Samon, Sinand, Seisclend, Sodb, Caill, Coll, Díchóem, Dichiúil, Díthím,
Díchuimne, Dichruidne, Dairne, Dáríne, Déruaine, Egem, Agam, Ethamne, Gním,
Cluiche, Cethardam, Níth, Némain, Nóennen, Badb, Blosc, Blóar, Huae, Óe Aife La
Sruth, Mache, Médé e Mod.36”
Em um pé, segurando uma mão e
respirando uma respiração ela cantou todos estes nomes para eles da porta da
casa.
“Eu juro pelos deuses que
adoro,” disse Conaire, “que não te chamarei por nenhum desses nomes quer eu
estando aqui por muito ou pouco tempo.”
“O que tu desejas?”disse
Conaire.
“Aquilo que tu também desejas,”
ela respondeu.
“É um dos meus tabus,” disse
Conaire, “receber a companhia de uma mulher após o crepúsculo.”
“Apesar de ser um tabu,” ela
respondeu, “não irei embora até meu convidado vir de uma vez37 nessa
noite.”
“Diga a ela,” disse Conaire,
“que um boi e um porco será levado para o lado de fora para ela, assim como minhas
sobras, na condição de que ela fique em algum outro lugar nessa noite.”
“Se de fato,” ela disse,
“acontecer de o rei não ter um quarto em sua casa para a refeição e cama de uma
mulher solitária, eles se separarão dele e irão até alguém generoso – se a
hospitalidade do Príncipe na Hospedaria partir.”
“Selvagem é tua resposta!” disse
Conaire. “Deixe-a entrar, apesar de ser um dos meus tabus.”
Eles sentiram uma grande
repugnância e um mau pressentimento depois daquela conversa da mulher, mas não
sabiam o porquê disto.
Os ladrões então desembarcaram e
seguiram até chegar em Lecca Cinn Slébe. A Hospedaria sempre estava aberta. Ela
é chamada de Bruden pois lembra os
lábios de um homem soprando (?) um fogo (?). Ou bruden, de bruth-en, isto é, en
‘água’, bruthe ‘da carne’, sendo
então ‘caldo da carne’.
Grande era o fogo que foi aceso
por Conaire aquela noite, sendo chamado de torc
caille, ‘Javali da Floresta’. O fogo tinha sete canais de saída. Quando uma
tora era tirada de seu lado, cada chama que saía de cada canal era tão grande
como a chama de um oratório em chamas. Existiam dezessete bigas de Conaire em
cada porta da casa, e por aqueles que estava observando a partir dos barcos,
aquela grande luz era claramente vista através das rodas das bigas.
“Tu não podes dizer, ó Fer
Rogain, com o que aquela grande luz acolá se assemelha?”
“Não consigo compará-la com
algo,” respondeu Fer Rogain, “a menos que seja o fogo de um rei. Que Deus não
traga esse homem aqui essa noite! Seria uma pena destruí-lo!”
“Como então tu julgas,” disse
Ingcél, “o reinado desse homem na Irlanda?”
“Bom é seu reinado,” respondeu
Fer Rogain. “Desde que ele assumiu a realeza, nenhuma nuvem velou o sol por um
espaço de um dia desde o meio da primavera até o meio do outono. Nenhuma gota
de orvalho caía da grama até o meio-dia e o vento não tocava a cauda das bestas
até as nonasE. Em seu reinado, do final do ano até o final do ano,
nenhum lobo atacou algo, exceto apenas um bezerro de cada vacaria, e para
manter essa regra, há sete lobos como reféns na parede de sua casa, e atrás
disto, uma outra segurança, Maclocc, e é ele quem os defende na casa de
Conaire. No reinado de Conaire, existem três coroas na Irlanda: a coroa dos
grãos, a coroa das flores e a coroa do carvalho. Em seu reinando, também, cada
homem considera a voz do outro tão melodiosa quanto as cordas de um alaúde,
devido a excelência da lei, da paz e da benevolência que predominava pela
Irlanda. Que Deus não traga esse homem aqui essa noite! Seria triste
destruí-lo! Isto é um ‘ramo através de suas flores’. É um porco que morre antes
da necessidade. É uma criança em idade. Triste é a sua curta vida!”
“A minha sorte seria,” disse
Ingcél, “se ele estiver aqui e houver uma destruição por outra. Isto não é mais
doloroso para mim do que meu pai, minha mãe, meus sete irmãos e o rei de meu
país, a quem eu abandonei antes de chegar a transferência da rapinagem.”
“Isto é verdade, isto é
verdade!” disseram os malfeitores que estavam com os ladrões.
Os ladrões deram partida da
Costa de Fuirbthe e cada homem levou uma pedra para fazer um cairnF,
pois esta era a distinção que os FiansG a princípio faziam entre uma
‘Destruição’ e uma ‘Derrota’. Eles costumavam firmar um pilar de pedra quando
houvesse uma Derrota. Um cairn, no entanto, eles faziam quando houvesse uma
Destruição. Dessa vez, então, eles fizeram um cairn, pois seria uma Destruição.
Eles fizeram isto bem longe de casa, para que eles não pudessem ser vistos ou
ouvidos de lá.
Por dois motivo eles construíram
o cairn: primeiro, uma vez que era um costume de pilhagem, e, segundo, para que
pudessem descobrir suas perdas na Hospedaria. Cada um que saísse de lá salvo
pegaria a sua pedra no cairn, e assim, as pedras daqueles que foram mortos eram
deixadas lá, e consequentemente, eles saberiam suas perdas.38 Os
homens sábios contam que para cada pedra em Carn Leca, um ladrão foi morto na
Hospedaria. Por esse motivo o Cairn Leca em Húi Cellaig é assim chamado.
Um “javali de um fogo” foi aceso
pelos filhos de Donn Désa para dar o aviso a Conaire. Esta foi o primeiro farol
de aviso feito na Irlanda, e a partir deste dia, faróis de aviso eram acesos.
Isto é o que outros contam: que foi na véspera do Samain (o
dia de todos os santos) que a destruição da Hospedaria foi feita, e aquele
farol de Samain é feito até os dias de hoje, e pedras são colocadas na fogueira
de Samain.
Os ladrões então formaram um conselho no lugar onde
colocaram o cairn.
“Bem, então,” disse Ingcél para
os guias, “o que está mais próximo de nós aqui?”
“Fácil dizer, a Hospedaria de
Hua Derga, o hospitaleiro-chefe da Irlanda."
“Bons homens, de fato,” disse
Ingcél, “podem ser enviados para ver seus companheiros naquela Hospedaria esta
noite.”
Este então foi o conselho dos
ladrões: enviar um deles para ver como as coisas estavam lá.
“Quem irá espionar a casa?”
disseram todos.
“Quem deverá ir,” disse Ingcél,
“senão eu, pois sou eu o intitulado aos direitos.”
Ingcél foi reconhecer a
Hospedaria com um dos sete ou um dos três pupilos do único olho que existia em
sua testa, para encaixar seu olho na casa a fim de destruir o rei e os jovens
que estavam ao seu redor lá dentro. Ingcél os viu através das rodas das bigas.
Ingcél então foi visto de dentro
da casa e foi embora após ter sido visto.
Ele seguiu até chegar no lugar
onde os ladrões estavam. Cada círculo deles foi formado ao redor de outro
círculo para escutar as notícias, com os chefes dos ladrões estando no centro
dos círculos. Lá estavam Fer Gér, Fer Gel, Fer Rogel, Fer Rohain, Lomna o Bufão
e Ingcél do Um-Olho – os seis no centro dos círculos. Fer Rogain questionou
Ingcél.
“Como será isso, ó Ingcél?”
perguntou Fer Rogain.
“Será como for,” respondeu
Ingcél, “real é o costume (?), acolhedor é o tumulto: real é o ruído deles.
Estando lá um rei ou não, tomarei a casa pois eu tenho o direito. Daí começará
a minha vez na rapinagem.”39
“Deixaremos em tuas mãos, ó
Ingcél!” disseram os irmãos adotivos de Conaire. “Mas nós não faremos a
Destruição até sabermos quem poderá estar lá dentro.”
“Uma pergunta, quem tu viste na
casa, ó Ingcél?” perguntou Fer Rogain.
“Meu olho deu uma olhada rápida
ao redor, e aceitarei isto da forma como estás pelo meu direito.”
“Tu bem podes aceitar isto, ó
Ingcél,” disse Fer Rogain, “o pai adotivo de todos nós está lá, o rei da
Irlanda, Conaire filho de Eterscéle.”
“Uma pergunta, quem tu viste no
alto assento do campeão na casa, de frente ao Rei, no lado oposto?”
O quarto de Cormac Condlongas
“Eu vi lá,” disse Ingcél, “um
homem de semblante grande e nobre, com um claro e brilhante olho, um uniforme
conjunto de dentes e uma face estreita abaixo e ampla acima. Um cabelo loiro e
linhoso ele tem, com uma faixa apropriada ao redor. Um broche de prata está em
seu manto e uma espada de punho dourado em sua mão. Um escudo com cinco
círculos dourados sobre ele e uma lança com cinco extremidades em sua mão. Ele
tinha um rosto justo, nobre e corado: ele também era imberbe. Aquele homem é de
mente modesta!”
“E depois disto, quem tu viste
lá?”
O quarto dos nove companheiros
de Cormac
“Lá eu vi três homens a oeste de
Cormac, três a leste dele e três em frente ao mesmo homem. Tu poderias imaginar
que estes noves tinham a mesma mãe e o mesmo pai. Eles são da mesma idade,
igualmente agradáveis, igualmente belos e todos são parecidos. Finas varas (?)
de ouro estão em seus mantos. Eles carregam escudos curvados de bronze. Lanças
estriadas estão acima deles. Uma espada de punho de marfim está na mão de cada
um. Eles têm uma proeza única: cada um deles pega a ponta de sua espada entre
seus dois dedos e rodopiam as espadas ao redor de seus dedos, e depois disso,
as espadas se estendem por eles mesmos. Compare isto, ó Fer Rogain,” disse
Ingcél.
“É fácil,” disse Fer Rogain,
“compará-los. É o filho de Conchobar, Cormac Condlongas, o melhor herói atrás
de um escudo na terra da Irlanda. Este menino é de mente modesta! Terrível é o
que ele teme esta noite.40 Ele é um campeão de valor pelas proezas
dos braços; ele é um hospitaleiro pela sua criadagem. Estes são os nove homens
que o rodeiam: os três Dúngusses, os três Doelgusses e os três Dangusses, os
nove companheiros de Cormac Condlongas, o filho de Conchobar.
Eles nunca mataram homens por
conta de sua miséria e nunca os pouparam por conta de sua prosperidade. Bom é o
herói que está entre eles: Cormac Condlongas. Eu juro pelo que minha tribo jura41,
nove vezes dez cairão por Cormac em sua primeira investida, e nove vezes dez
cairão pelo seu povo, além de um homem para cada uma de suas armas, e um homem
para cada um deles mesmos. Cormac compartilhará a proeza com qualquer homem
diante da Hospedaria, ele se vangloriará da vitória sobre um rei, príncipe ou
nobre dos ladrões, e ele próprio conseguirá escapar apesar de todo o seu povo
ficar ferido.”
“Ai daquele que causar essa
Destruição!” disse Lomna Drúth, “só por causa deste único homem, Cormac
Condlongas, filho de Conchobar.” “Eu juro pelo o que minha tribo jura,” disse
Lomna, o filho de Donn Désa, “se eu pudesse realizar meu conselho, essa
Destruição não seria nem tentada só por causa deste homem, e devido a sua
beleza42 e bondade!”
“Não será possível prevenir a
Destruição,” disse Ingcél, “nuvens de tristeza vem até vós. Uma forte provação
que colocará em perigo as duas bochechas de uma cabra será oposta pelo
juramento de Fer Rogain, que fugirá. Tua voz, ó Lomna,” disse Ingcél, “quebrou
sobre ti: tu és um guerreiro sem valor, e eu lhe conheço. Nuvens de fraqueza
vem até você.”
[…] para a casa de um senhor
cedo na manhã seguinte.
Mais fácil […] morte em uma casa
de tropa pesada [...] até o fim do mundo.
“Nem homens velhos nem
historiadores declararão que eu desisti da Destruição, até eu realizá-la.”
“Não reprove nossa honra, ó
Ingcél,” disse Gér, Gabur e Fer Rogain. “A Destruição será feita a menos que a
terra quebre abaixo dela, até todos nós sermos mortos desse modo.”
“Verdadeiramente, então, tens
razão, ó Ingcél,” disse Lomna Drúth, filho de Donn Désa. “A perda causada pela
Destruição não será tua. Tu levarás a cabeça do rei de um país estrangeiro, com
o teu abate de outro, e tu, Ingcél, e teus irmãos Écell e o Jovem da Rapinagem,
escaparão da Destruição.”
“Mais difícil, no entanto, será
para mim,” disse Lomna Drúth, “ai de mim diante de todos! Ai de mim atrás de
todos! É a minha cabeça que será a primeira jogada lá esta noite após uma hora
entre os eixos das bigas, onde os maliciosos inimigos encontrarão. Ela será
arremessada na Hospedaria três vezes, e três vezes ela será arremessada para
fora. Ai daquele que for! Ai daquele com quem se vai! Ai daquele a quem se vai!
Os miseráveis são aqueles que irão! Os miseráveis são aqueles a quem eles irão!”
“Não há nada que virá para mim,”
disse Ingcél, “no lugar da minha mãe, do meu pai, dos meus sete irmãos e do rei
do meu país, a quem vós destruístes comigo. Não há nada que não suportarei
doravante.”
“Embora um […] deva ir através
deles,” disse Gér, Gabur e Fer Roain, “a Destruição será feita por ti esta
noite.”
“Ai daquele que os colocarão sob
as mãos dos inimigos!” disse Lomna. “E quem tu viste depois disto?”
O quarto dos Pictos
“Eu
vi outro quarto lá, com um grande trio nele: três homens grandes e marrons, com
o cabelo igualmente longo na testa e na nuca. Três curtas capotas pretas, com
longos capuzes, estavam sobre eles, chegando até os seus cotovelos. Eles tinham
três grandes e negras espadas e carregavam três escudos negros, com três
grandes e negras lanças verdes sobre eles. Grosso como o espeto de um caldeirão
era o mastro das lanças. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Difícil é para mim encontrar
alguém igual. Não conheço na Irlanda este trio, a não ser que seja o trio da
terra dos Pictos, que foram exilados de seu país e agora estão na casa de
Conaire. Estes são os seus nomes: Dublonges filho de Trebúat, Trebúat filho de
Húa-Lonsce, e Curnach filho de Húa Fáich. Este trio é o melhor no manejo de
armas na terra dos Pictos. Nove décadas cairão pelas suas mãos em sua primeira
investida, um homem cairá para cada um de suas armas, além de um homem que
cairá por cada um deles. Eles dividirão sua proeza com cada trio na Hospedaria.
Eles irão se vangloriar da vitória sobre um rei ou um chefe dos ladrões, e
posteriormente, escaparão apesar de estarem feridos. Ai daquele que fizer a
Destruição, apenas por conta destes três!”
Lomna Druth disse: “Eu juro pelo
Deus que minha tribo jura, se meu conselho fosse seguido, a Destruição nunca
aconteceria.”
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
“nuvens de fraqueza estão indo até vós. Uma forte provação que colocará em
perigo, etc.” “E quem tu viste lá depois?”
O quarto dos gaiteiros
“Lá
eu vi um quarto com nove homens nele. Eles tinham um cabelo loiro e amarelo e
eram igualmente belos. Mantos salpicados com cores eles usavam, e sobre eles
haviam nove ornamentadas gaitas de foles com quatro melodias43. O
ornamento dessas gaitas de foles de quatro melodias era a luz suficiente no
palácio. Compare isto, ó Fer Rogain.”
“Fácil é compará-los,” disse Fer
Rogain. “Aqueles são os nove gaiteiros que vieram dos montes encantados de
Bregia até Conaire, devido aos nobre contos sobre ele. Estes são seus nomes:
Bind, Robind, Riarbind, Sibè, Dibè, Deichrind, Umall, Cumall e Ciallglind. Eles
são os melhores gaiteiros do mundo. Nove enéadas cairão diante deles, e um
homem cairá para cada uma de suas armas e um homem cairá para cada um deles.
Cada um deles irá se vangloriar da vitória sobre um rei ou um chefe dos
ladrões. Eles escaparão da Destruição, pois um conflito com eles será um
conflito com uma sombra. Eles matarão mas não serão mortos, pois eles são de um
monte encantado. Ai daquele que fizer a Destruição apenas por conta destes
nove!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
“nuvens de fraqueza estão indo até vós, etc.” “E quem tu viste lá depois?”
O quarto do mordomo-chefe44 de Conaire
“Lá eu vi um quarto com um homem
nele. Ele tinha um cabelo crespo. Se um saco de maçãs de caranguejoH
fosse jogado em sua cabeça, nenhuma delas cairia no chão, mas ficariam presas
em seu cabelo. Seu manto veloso estava sobre ele na casa. Toda briga na casa
sobre assentos ou camas vem para sua decisão. Se uma agulha caísse na casa, sua
queda seria ouvida quando ele falasse. Acima dele está uma enorme árvore negra,
como um moinho, com suas pás, seu topo (?) e seu espigão. Compare-o, ó Fer
Rogain!”
“Isto é fácil. Ele é Tuidle de
Ulaid, o mordomo da casa de Conaire. É indispensável escutar as decisões desse
homem, o homem que regula os assentos, as camas e a comida para cada um. São os
seus funcionários da casa que estão acima dele. Este homem lutará contigo. Eu
juro pelo que minha tribo jura, a morte na Destruição feita por ele será mais
numerosa que os vivos. Três vezes seu número cairá por ele e ele próprio cairá
lá. Ai daquele que fizer a Destruição! Etc.”
“Vós não podeis,” disse Ingcél, “nuvens de fraqueza estão
indo até vós, etc.” “E quem tu viste lá depois?”
O quarto de Mac Cecht, o soldado de batalha de
Conaire
“Lá eu vi outro quarto com um
trio nele, três nobre meio furiosos45: o maior deles estava no meio,
muito barulhento [...], com o corpo de rochas, furioso, golpeando e dando
fortes golpes que atinge nove centenas em um conflito de batalha. Um escudo de
madeira, negro, coberto com ferro, ele carrega, com um duro [...] aro, um
escudo que encaixaria a maca adequada de quatro tropas de dez fracotes em sua
[...] de [...] couro. Um [...] aro sobre isso, a profundidade de um caldeirão
apropriado para cozinhar quatro bois, com uma boca oca e capaz de levantar uma
grande fervura, com quatro porcos em sua grande boca [...]. Em seus dois lados
lisos estão dois barcos de cinco assentos apropriados para três conjuntos de
dez em cada uma de suas duas fortes frotas.
Ele tem uma lança,
vermelho-azul, cujo mastro poderoso se encaixa facilmente em sua mão. A lança
se estica ao longo da parede no telhado e descansa no piso. Ela tem uma ponta
de ferro, vermelha escura, pingando. Há quatro pés amplamente medidos entre as
duas pontas de suas extremidades.
Trinta pés amplamente medidos
estão em sua espada de golpes mortais, da ponta negra até o punho de ferro. A
espada manifesta fagulhas de fogo que iluminam a Mid-courtI da Casa,
do teto até o chão.
É um forte semblante que vi. Um
desmaio de horror quase abateu-se sobre mim enquanto eu via aqueles três. Não
há nada mais estranho.
Duas colinas despidas estavam lá
próximas ao homem com cabelo. Dois lagos próximos de uma montanha do [...] de
uma onda de frente azul: duas peles próximas a uma árvore. Dois barcos estão
perto deles, cheio de espinhos de um espinheiro branco em uma mesa circular. E
lá, me parece, tem algo parecido com um fino regato de água no qual o sol está
brilhando, o regato corre em um fio d’água e há uma pele arrumada atrás do
regato, com o pilar de um palácio moldado como uma grande lança acima disto. Um
bom e pesado jugo de arado é o mastro que está neste lugar. Compare isto, ó Fer
Rogain!”
“É fácil, eu acho, compará-lo!
Este é Mac Cecht filho de Snaide Teichid; é o soldado de batalha de Conaire
filho de Eterscél. Bom é o herói Mac Cecht! Inerte ele estava em seu quarto, em
seu sono, quando tu o viste. As duas colinas despidas que viste próximas ao
homem com cabelo são seus dois joelhos próximos de sua cabeça. Os dois lagos
próximos a montanha que viste são seus dois olhos próximos ao seu nariz. As
duas peles próximas a uma árvore que tu viste são suas duas orelhas em sua
cabeça. Os dois barcos de cinco assentos em uma mesa circular que tu viste são
suas duas sandálias46 em seu escudo. O fino regato de água que tu
viste, onde o sol brilha e que corre em um fio d’água é a cintilação de sua
espada. A pele que tu viste arrumada atrás dele é a bainha de sua espada. O
pilar do palácio que tu viste é sua lança, e ele brande essa lança até suas
duas extremidades se encontrarem, arremessando um arremesso intencional quando
lhe agradar. Bom é o herói Mac Cecht!”
“Seis centenas cairão por ele em
seu primeiro encontro, e um homem cairá para cada uma de suas armas, além de um
homem para ele próprio. Ele dividirá a proeza com todos na Hospedaria e se
vangloriará do triunfo sobre um rei ou chefe dos ladrões na frente da
Hospedaria. Ele conseguirá escapar apesar de estar ferido. Quando acontecer
dele sair da casa e chegar até vós, tão numerosos quanto pedras de granizo,
grama em um gramado e as estrelas do céu serão suas cabeças e crânios rachados,
os coágulos de seus cérebros, seus ossos e as pilhas de suas tripas, esmagados
por ele e espalhados por todos os cumes.”
Então, com tremores e medo de
Mac Cecht, eles fugiram para três cumes.
Eles, Gér, Gabur e Fer Rogain,
tomaram novamente47 penhores entre si.
“Ai daquele que fizer essa
Destruição,” disse Lomna Druth, “suas cabeças serão separadas de vós.”
“Vós não podeis,” disse Ingcél, “nuvens de fraqueza estão
indo até vós, etc.”
“De fato, ó Ingcél,” disse Lomna Drúth filho de Donn Désa.
“Não será tua a perda causada pela Destruição. Ai de mim pela Destruição, pois
a primeira cabeça que chegará na Hospedaria será a minha!”
“Mais difícil para mim,” disse Ingcél, “foi minha destruição
feita [...] lá.”
“De fato,” disse Ingcél, “talvez eu seja o corpo quebrado
lá,” etc.
“E quem tu viste lá depois?”
O quarto dos três filhos de
Conaire: Oball, Oblin e Corpre
“Lá eu vi um quarto com um trio
nele: três delicados jovens usando três mantos de seda. Em seus mantos estavam
três broches dourados. Eles tinham três cabeleiras amarelas e douradas. Quando
eles lavam sua cabeça (?) suas cabeleiras amarelas e douradas chegam até as
beiras de suas coxas. Quando eles levantam seus olhos, estes levantam o cabelo
de forma que este não fique mais baixo que as pontas de suas orelhas, e seu
cabelo é enrolado como a cabeça de um carneiro (?). Um [...] de ouro e um facho
de palácio sobre cada um deles. Todos que estão na casa os poupam, voz, façanha
e palavra. Compare isto, ó Fer Rogain,” disse Ingcél.
Fer Rogain chorou tanto que seu
manto em sua frente ficou molhado e nenhuma voz saiu de sua cabeça até um terço
da noite ter se passado.
“Ó pequeninos,” disse Fer
Rogain, “tenho uma boa razão para fazer isto! Aqueles são os três filhos do rei
da Irlanda: Oball, Oblíne e Corpre Findmor.”
“Isso nos aflige se o conto for
verdadeiro,” disseram os filhos de Donn Désa. “Bom é o trio daquele quarto.
Maneiras de donzelas maduras eles têm, e corações de irmãos, valentia de ursos
e fúrias de leões. Quem quer que estiver em sua companhia e em sua cama e
deixá-los, esta pessoa não comerá, não dormirá e não terá tranquilidade até o
fim de nove dias, devido à falta de sua camaradagem. Um dos três cairá ali. Por
conta deste trio, ai daquele que causar a Destruição!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél, “nuvens de fraqueza estão
indo até vós, etc.” “E quem tu viste lá depois?”
O quarto dos Fomorianos
“Eu vi um quarto lá com um trio
nele, um trio horrível, inaudito, uma tríade de campeões, etc.” [...]48
Compare isto, ó Fer Rogain?”
“É difícil comparar aquele trio.
Nem dos homens da Irlanda nem dos homens do mundo49 eu conheço, a
menos que seja o trio que Mac Cecht trouxe da terra dos fomorianos pela força
de duelos. Nenhum fomoriano foi encontrado para lutar com ele, então ele trouxe
aqueles três, e estes estão na casa de Conaire como certezas de que, enquanto
Conaire estivesse reinando, os fomorianos não destruiriam nem os grãos nem o
leite da Irlanda além de seu nobre tributo. Bem pode seu aspecto ser odioso!
Três fileiras de dente em suas cabeças de uma orelha à outra. Um boi com um
porco, esta é a ração de cada um deles, e esta ração que eles colocam em suas
bocas é visível até ela descer para seus umbigos. Corpos de ossos (isto é, sem
uma articulação neles) todos aqueles três têm. Eu juro pelo que minha tribo
jura, em maior quantidade serão os mortos por eles na Destruição do que aqueles
que eles deixarão viver. Seis centenas de guerreiros cairão por eles em seu
primeiro conflito, e um homem para cada uma de suas armas e um para cada um dos
três. Eles irão vangloriar um triunfo sobre um rei ou chefe dos ladrões. Não
será com mais que uma mordida (?), um golpe ou um chute que cada um daqueles
homens matarão, pois não foi permitido que eles tivessem armas na casa, uma vez
que estão como reféns, para que eles não façam um delito lá dentro. Eu juro
pelo que minha tribo jura, se eles tivessem uma armadura, eles matariam dois
terços dos nossos. Ai daquele que fizer a Destruição, pois este não será um
combate contra preguiçosos (?).”
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
etc. “E quem tu viste lá depois?”50
O quarto de Munremar filho de
Gerrchenn, Birderg filho de Ruan, e Mál filho de Telband
“Eu vi um quarto lá, com um trio
nele. Três homens grandes e marrons com três cabeças marrons de cabelo curto. Grossas
panturrilhas (tornozelos?) eles tinham. Grossa como a cintura de um homem era
cada um de seus membros. Três massas marrons e enroladas de cabelo estavam
sobre ele, com uma grossa cabeça. Três mantos, vermelhos e salpicados, eles
usavam. Três escudos negros com broches (?) de ouro eles carregavam, três
lanças de cinco extremidades, e cada um tinha em sua mão uma espada com o punho
de marfim. Esta é a proeza que eles realizam com suas espadas: eles a atiram
para o alto e depois atiram as bainhas, e as espadas, antes de chegarem ao
chão, se encaixam dentro das bainhas. Então depois eles atiram as bainhas
primeiro e as espadas em seguida, e as bainhas se encontram com as espadas e as
envolvem dentro delas antes de chegarem ao chão. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“É fácil compará-los! É Mál
filho de Telband, Munremar filho de Gerrchenn e Birderg filho de Rúan. Três
príncipes herdeiros, três campeões de coragem, os três melhores heróis atrás
das armas na Irlanda! Uma centena de heróis cairão por eles em seu primeiro
conflito, eles compartilharão a proeza com cada homem na Hospedaria, irão se
vangloriar da vitória sobre um rei ou chefe dos ladrões, e posteriormente
conseguirão escapar. A Destruição não deveria ser feita apenas por conta destes
três.”
“Ai daquele que fizer a
Destruição!” disse Lomna. “Melhor seria a vitória de salvá-los do que a vitória
de matá-los! Feliz seria aquele que os salvassem! Ai daqueles que o matarem!”
“Isto não será possível,” disse
Ingcél, etc. “E quem tu viste lá depois?”
O quarto de Conall Cernach
“Lá eu vi em um quarto decorado
o mais nobre homem dos heróis da Irlanda. Ele usava um ornamentado manto roxo.
Branca como a neve era uma de suas bochechas, e a outra era vermelha e
salpicada como a dedaleira. Azul como o jacinto era um de seus olhos, e o outro
era negro como as costas de um cabra-loura. O espesso cabelo dourado51
sobre ele era tão grande quanto uma cesta de colheita, chegando até a beira de
suas coxas. É enrolado como a cabeça de um carneiro. Se um saco cheio de nozes
de casca vermelha fosse jogado em sua cabeça, nenhuma delas cairia no chão, mas
ficariam presas nos ganchos, presas e espadas daquele cabelo. Uma espada de
punho dourado está em sua mão, assim como um escudo vermelho-sangue salpicado
com rebites de bronze branco entre as chapas de ouro. Ele tem uma longa e
pesada lança de três cristas, e tão grossa como um jugo externo é o mastro
daquela lança. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“É fácil compará-lo, pois todos
os irlandeses conhecem este rebento. Ele é Conall Cernach, o filho de Amorgen. Aconteceu
dele estar com Conaire nesse tempo. É ele quem Conaire ama além de todos os
outros, devido a sua semelhança com ele em bondade de forma e corpo. Agradável
é Conall Cernach, o herói que está lá! Àquele escudo vermelho-sangue que está
em seu punho, que está salpicado com rebites de bronze branco, o Ulaid deu um
famoso nome: o Bricriu de Conall Cernach.”52
“Eu juro pelo que minha tribo jura,
abundante será a chuva de sangue vermelho nesta noite diante da Hospedaria! Essa
lança cristada sobre ele, muitos serão aqueles a quem ela dará as bebidas da
morte nesta noite diante da Hospedaria. Há sete portas que dão para a casa;
Conall Cernach maquinará estar em cada uma delas de forma que em nenhuma porta
ele estará ausente. Três centenas cairão pro Conall em seu primeiro conflito,
além de um homem para cada uma de suas armas e um por ele mesmo. Ele dividirá a
proeza com todos na Hospedaria, e quando acontecer dele investir sobre vós, tão
numerosos como pedras de granizo, grama em um gramado e estrelas no céu serão
as metades de suas cabeças, seus crânios rachados e seus ossos sob a ponta de
sua espada. Ele conseguirá escapar apesar de ficar ferido. Ai daquele que
causar a Destruição, apenas por conta deste único homem!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
“Nuvens,” etc.
O quarto do próprio Conaire
“Lá eu vi um quarto, mais lindamente
decorado que os outros quartos da casa. Ele tinha uma cortina prateada em sua
volta e o quarto tinha ornamentos. Vi um trio lá. Dois deles estavam do lado de
fora, ambos tinham seus cabelos e pálpebras loiras, e eram tão brilhantes
quanto a neve. Um rubor bastante adorável estava nas bochechas de cada um dos
dois. Um sensível rapaz estava entre eles. Ele tinha o ardor e a energia de um
rei e o conselho de um sábio. O manto que vi ao seu redor é o mesmo que a névoa
do dia primeiro de maio. Diversas são as cores e as aparências mostradas sobre
ele a cada momento. Uma cor é mais adorável que a outra. Em sua frente, no
manto, eu vi uma roda de ouro que ia de seu queixo até seu umbigo. A cor de seu
cabelo tinha o brilho do ouro derretido. De todas as formas do mundo que vi,
esta é a mais bonita. Eu vi um gládio de punho de ouro embaixo, ao lado dele. O
antebraço da espada estava fora da bainha. Um homem na frente da casa poderia
confundir esse antebraço com um verme de carne, com a sombra da espada! Mais
doce que quaisquer douradas gaitas de foles que acompanham as músicas no
palácio é o som melodioso da espada.”
“Então,” disse Ingcél, “eu
disse, olhando para ele:”53
a.
Eu
vejo um alto e imponente príncipe, etc.
b.
Eu
vejo um famoso rei, etc.
c.
Eu
vejo sua diadema branca de príncipe, etc.
d.
Eu
vejo suas duas bochechas brilhantes e tristes, etc.
e.
Eu
vejo sua alta roda [...] ao redor de sua cabeça [...] que está sobre seu cabelo
loiro e cacheado.
f.
Eu
vejo seu manto vermelho de muitas cores, etc.
g.
Eu
vejo naquele lugar um grande broche de ouro, etc.
h.
Eu
vejo a sua bela túnica de linho [...] do tornozelo até suas rótulas.
i.
Eu
vejo sua espada de punho dourado, ornamentada, em sua bainha de prata branca,
etc.
j.
Eu
vejo o seu calcário e brilhante escudo, etc.54
k.
Uma
torre com ouro encrustado, etc.
a. Agora, o delicado guerreiro estava dormindo, com seus pés
no colo de um dos dois homens e sua cabeça no colo de outro. Ele então acordou
de seu sono, levantou-se e cantou esta canção:
“O uivo de Ossar (o cão de
Conaire)
[...]
Grito de guerreiros no topo de
Tol Géisse; um vento frio sobre bordas perigosas: a noite para destruir um rei
é esta.”
b. Ele dormiu novamente, acordou, e cantou esta retórica:
“O uivo de Ossar (o cachorrinho
de colo de Conaire)
[...]
Uma batalha ele anunciou: a
escravização de um povo, o saque da Hospedaria, triste estão os campeões,
homens feridos, vento de terror, arremesso de lanças, perigo de uma luta
injusta, destruição de casas, Tara corroída, um patrimônio estrangeiro,
semelhante é Conaire lamentando, destruição dos grãos, festim de armas, clamor
de gritos, destruição do rei da Irlanda, bigas cambaleando, opressão do rei de
Tara, os lamentos superarão os risos, o uivo de Ossar.”
c. Ele disse na terceira vez:
“Foi-me mostrado problema: uma
multidão de elfos, uma tropa inerte, prostração de inimigos, um conflito de
homens no Dodder55, opressão do rei de Tara, na juventude ele foi
destruído, os lamentos superarão o risos, o uivo de Ossar.”
“Compare tu, ó Fer Rogain, ele
que cantou esta canção.”
a. “É fácil compará-lo,” disse
Fer Rogain. “Isto não é um ‘conflito sem um rei’. Ele é o mais esplêndido,
nobre, belo e poderoso rei que já existiu no mundo inteiro. Ele é o mais
brando, gentil e perfeito rei que já existiu – Conaire filho de Eterscél. É ele
o alto-rei de toda a Irlanda. Não há defeito neste homem, seja em sua forma, no
seu corpo ou em seu vestuário, seja em seu tamanho, em sua aptidão ou em sua
proporção, seja em seu olho, em seu cabelo ou em seu brilho, seja em sua
sabedoria, em sua habilidade ou em sua eloquência, seja em sua arma, em seu
vestido ou em sua aparência, seja em seu esplendor, em sua abundância ou em sua
dignidade, seja em seu conhecimento, seu valor ou em seu parentesco.”
b. “Grande é a ternura do
simples e sonolento homem até ele enfrentar um ato de coragem. Mas se sua fúria
e sua coragem forem despertadas quando os campeões da Irlanda e de Alba
estiverem com ele na casa, a Destruição não deveria ser feita enquanto ele
estivesse lá dentro. Seiscentos cairão por Conaire antes dele pegar em suas
armas, setecentos cairão por ele em seu primeiro conflito após pegar em suas
armas. Eu juro pelo Deus que minha tribo jura, a menos que a bebida seja tirada
dele, apesar de não ter mais ninguém na casa, apenas ele, ele defenderia a
Hospedaria até a ajuda que o homem preparasse para ele da Onda de Clidna56
e da Onda de Assaroe57 chegasse, enquanto vós estivéreis na
Hospedaria.”
c. “Existem nove portas na casa,
e em cada porta uma centena de guerreiros cairão por sua mão. E quando todos na
casa pararem de trabalhar com sua arma, ele então recorrerá para um feito de
armas. E se acontecer dele chegar até vós do lado de fora da casa, tão
numerosas quanto pedras de granizo e gramas em um gramado serão as metades de
suas cabeças, seus crânios rachados e seus ossos sob a ponta de sua espada.”
d. “A minha opinião é que ele
não terá a chance de sair da casa. Querido para ele são os dois que estão com
ele no quarto, suas duas crias, Dris e Sníthe. Três vezes cinquenta guerreiros
cairão diante de cada um deles na frente da Hospedaria, e não muito longe que
um pé a partir dele, nesse lado e naquele, cairão eles também.”
“Ai daquele que fizer a
Destruição, apenas por conta daquele par e daquele príncipe que está entre
eles, o alto-rei da Irlanda, Conaire o filho de Eterscél! Triste seria a
extinção deste reinado!” disse Lomna Drúth, filho de Donn Désa.
“Vós não podeis,” disse Ingcél.
“Nuvens de fraqueza estão indo até vós,” etc.
“Boa causa tens, ó Ingcél,”
disse Lomna filho de Donn Désa. “Não será tua a perda causada pela Destruição,
pois tu levarás a cabeça do rei de outro país e tu próprio escaparás. No
entanto, isto será duro para mim, pois o primeiro a ser morto na Hospedaria
será eu.”
“Ai de mim!” disse Ingcél,
“porventura serei o corpo mais frágil,” etc.
“E quem tu viste depois?”
O quarto dos soldados da
retaguarda
“Lá eu vi doze homens em sebes
prateadas ao redor daquele quarto do rei. Eles tinham um cabelo amarelo claro.
Eles usavam saiotes escoceses azuis. Igualmente belos eles eram, igualmente
ousados e igualmente formosos. Uma espada de punho de marfim estava na mão de
cada homem, e eles não a apontavam para baixo; são as varas de cavalo em suas
mãos que estão em todo o quarto. Compare isto, ó Fer Rogain.”
“É fácil dizer. Os guardas do
rei de Tara estão lá. Estes são seus nomes; os três Londs da planície de
Liffey, os três Arts de Ath Cliath (Dublin), os três Buders de Buagnech e os
três Trénfers de Cuilne (Cuilenn?). Eu juro pelo que minha tribo jura, muitos
serão os mortos por eles ao redor da Hospedaria. Eles escaparão, apesar de
estarem feridos. Ai daquele que causar a Destruição, apenas por conta daquele
bando! E quem tu viste depois?”
Lé Fri Flaith, o filho de
Conaire, cuja semelhança é esta
“Lá eu vi um menino sardento com
uma capa roxa. Ele está sempre lamentando na casa. Um lugar onde está o rei de
um cantred58 J,
a quem todos os homens pega de peito a peito.”
“Ele então está sentado em uma
cadeira azul prateada no meio da casa, e está sempre chorando. Verdadeiramente
então, triste está sua família escutando-o! Três cabeleiras estão naquele
menino, e estas são: verde, roxa e dourada. Eu não sei se o cabelo recebe
aquelas muitas cores ou se estes três tipos de cabelo crescem naturalmente
nele. Mas eu sei que terrível é a coisa que ele teme esta noite59.
Eu vi três vezes cinquenta meninos em cadeiras prateadas ao redor dele, e tinha
quinze juncos na mão daquele menino sardento, com um espinho na ponta de cada
junco. Nós éramos quinze homens e nossos quinze olhos direitos foram cegados
por ele, e ele cegou um de minhas sete pupilas que está em minha cabeça,” disse
Ingcél. “Conhece alguém semelhante, ó Fer Rogain?”
“É fácil compará-lo!” Fer Rogain
chorou até derramar60 lágrimas de sangue sobre suas bochechas. “Ai
dele!” respondeu ele. “Esta criança é um ‘rebento de contenção’ para os homens
da Irlanda com os homens de Alba pela hospitalidade, corpo, forma e equitação. Triste
é sua morte! Isto é um ‘porco que vai diante do mastro’, ‘um bebê em idade!’ o
melhor príncipe herdeiro que já existiu na Irlanda! O filho de Conaire filho de
Eterscél, Lé Fri Flaith é seu nome. Ele tem sete anos. Me parece muito provável
que ele está infeliz devido às muitas cores em seu cabelo e as várias formas
que seu cabelo assume sobre ele. Esta é sua família especial, os três vezes
cinquenta rapazes que estão ao seu redor.”
“Ai,” disse Lomna, “daquele que
fizer a Destruição, apenas por conta deste menino!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél.
“Nuvens de tristeza estão vindo até vós, etc.” “E quem tu viste lá depois?”
O quarto dos copeiros
“Lá eu vi seis homens na frente
do mesmo quarto. Seis cabeleiras loiras estavam sobre eles, eles vestiam mantos
verdes com broches de estanho na abertura de seus mantos. Eles são
metade-cavalos (centauros), como Conall Cernach61. Cada um deles
atira seu manto ao redor do outro e são tão rápidos quanto um moinho. Teus
olhos mal podem segui-los. Compare aqueles, ó Fer Rogain!”
“Está é fácil para mim. Aqueles
são os seis copeiros do Rei de Tara, chamados Úan, Broen, Banna62,
Delt, Drucht63 e Dathen. Esta proeza não os impede de servir bebidas
e não mitiga sua inteligência por causa disso. Bons são os heróis que estão lá!
Três vezes seu número cairão por eles. Eles compartilharão a proeza com todos
os grupos de seis na Hospedaria, e escaparão de seus inimigos, pois eles são
dos montes encantados. Eles são os melhores copeiros da Irlanda. Ai daquele que
causar a Destruição apenas por conta deles!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél.
“Nuvens, etc.” “E depois disto, quem tu viste lá?”
O quarto de Tulchinne o
Malabarista
“Lá eu vi um grande campeão, na
frente do mesmo quarto, no chão da casa. A vergonha da calvície está nele. Branco
como o montanhês linho-dos-brejos é o cabelo que cresce através de sua cabeça.
Ele tem brincos de ouro em suas orelhas. Ele veste um manto malhado e colorido.
Nove espadas estão em sua mão, e nove escudos prateados e nove maçãs douradas.
Ele atira cada um destes itens para cima e nenhum destes caem no chão, estando
apenas um deles em sua palma; todos eles subindo e descendo, um após o outro, é
como o movimento de vem e vai das abelhas em um dia de beleza. Quando ele
estava bem rápido, eu o vi realizando seu feito, e quando olhei, os itens
proferiram um grito sobre ele e caíram no chão da casa. O príncipe que está na
casa então disse ao malabarista: ‘Nós estamos juntos desde que tu eras um
garotinho e até esta noite, teu malabarismo nunca falhou.’
‘Ai, ai, nobre mestre Conaire,
tenho uma boa causa. Um olho furioso e severo olhou para mim: um homem com o
terço de uma pupila que viu o malabarismo dos nove itens. Não muito para ele é
aquela visão furiosa e severa! Batalhas são lutadas com ela,’ disse ele. ‘Deve-se
saber até o último dia que há algo maligno na frente da Hospedaria.’
Ele então pegou em sua mão as
espadas, os escudos prateados e as maçãs douradas, e os itens novamente
proferiram um grito e caíram no chão da casa. Aquilo o espantou64. Ele
desistiu de seu jogo e disse:
‘Ó Fer Caille, erga-se! Não
[...]
É o abate. Sacrifique teu porco!
Descubra quem está na frente da casa para ferir os homens da Hospedaria.’
‘Lá,’ disse ele, ‘estão Fer
Cualngi, Fer Lé, Fer Gar, Fer Rogel e Fer Rogain. Eles anunciaram um ato que
não é débil – a aniquilação de Conaire pelos cinco filhos de Donn Désa, pelos
cinco amados irmãos adotivos de Conaire.’
Compare tu, ó Fer Rogain! Quem
cantou esta canção?”
“É fácil compará-lo,” disse Fer
Rogain. “É Taulchinne, o malabarista chefe do Rei de Tara; ele é o mágico de Conaire.
Um homem de grande poder é ele. Três vezes nove cairão por ele em seu primeiro
encontro. Ele compartilhará a proeza com todos na Hospedaria e conseguirá
escapar, apesar de ficar ferido. E depois? Apenas por conta deste único homem,
a Destruição não deveria ser feita.”
“Vida longa para aquele que o
poupar!” disse Lomna Drúth.
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
etc.
O quarto dos guardadores de
porcos
“Eu vi um trio na frente da casa. Três tufos pretos
de cabelo estavam sobre eles. Eles usavam três túnicas verdes, com três mantos
negros sobre eles. Três bifurcados [...] (?) sobre eles em um lado da parede.
Eles tinham três greavesK
no mastro.65 Quem são eles, ó Fer Rogain?”
“É fácil dizer,” respondeu Fer
Rogain, “são os três guardadores de porcos do rei – Dub, Donn e Dorcha. Eles
são três irmãos, os três filhos de Mapher de Tara. Vida longa para aquele que
os protegerem! Ai daquele que matá-los! Pois maior seria o triunfo de
protegê-los do que o triunfo de matá-los!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
etc.
O quarto dos principais
cocheiros
“Eu vi outro trio na frente
deles. Três chapasM douradas estão em suas testas. Eles vestem três
curtas vestes, de linho cinza bordado com ouro. Três capas carmesim estão sobre
eles e há três varetasL em suas mãos. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Eu os conheço,” ele respondeu.
“São Cul, Frecul e Forcul, os três cocheiros do Rei. Os três são da mesma
idade, os três filhos do Polo e do Jugo. Um homem morrerá por cada uma de suas
armas e eles compartilharão o triunfo do abate.”
O quarto de Cuscrad, o filho de
Conchobar
“Eu vi outro quarto. Dentro dele
estavam oito espadachins, e entre eles, um jovem. Ele tinha cabelo preto e uma
fala muito balbuciante. Todo o povo da Hospedaria escuta seu conselho. O mais
belo dos homens ele é. Ele veste uma camisa e um manto vermelho claro com um
broche de prata.”
“Eu o conheço,” disse Fer
Rogain, “é Cuscraid Menn de Armagh, o filho de Conchobar, que está como refém
com o rei. Seus guardas são aqueles oito espadachins ao seu redor: os dois
Flanns, os dois Cummains, os dois Aed e os dois Crimthans. Eles dividirão a
proeza com todos na Hospedaria e escaparão da Destruição com sua cria.”
O quarto dos outros cocheiros
“Eu vi nove homens que estavam
no mastroN. Eles vestiam nove capas com um laço roxo. Uma chapa de
ouro estava na cabeça de cada um deles. Nove varetasL estavam em
suas mãos. Compare tu.”
“Eu conheço aqueles,” respondeu
Fer Rogain. “São Riado, Riamcobur, Ríade, Buadon, Búadchar, Buadgnad, Eirr,
Ineirr e Argatlam – os nove cocheiros em aprendizado com os três cocheiros
chefes do rei. Um homem morrerá na mão de cada um deles, etc.”
O quarto dos ingleses
“Na parte norte da casa eu vi
nove homens. Nove cabeleiras bem amarelas eles tinham. Nove túnicas de linho um
pouco curtas eles vestiam. Nove tecidos enxadrezados e roxos estavam sobre
eles, sem broches. Eles tinham nove grandes lanças e nove escudos vermelhos e
curvados sobre eles.”
“Nós os conhecemos,” respondeu
ele. “É Oswald e seus dois irmãos adotivos, Osbrit da Mão-Longa e seus dois irmãos
adotivos, e Lindas e seus dois irmãos adotivos. São três príncipes herdeiros da
Inglaterra que estão com o rei. Estes homens compartilharão a proeza vitoriosa,
etc.”
O quarto dos estribeiros
“Eu vi outro trio. Três cabeleiras
crespas eles tinham, vestiam três túnicas e três mantos estavam enrolado em
volta deles. Um chicote estava na mão de cada um.”
“Eu os conheço,” respondeu ele
(Fer Rogain). “São Echdruim, Echriud e Echrúathar, os três cavaleiros do rei,
isto é, seus três estribeiros. Os três são irmãos, os três filhos de Argatron.
Ai daquele que causar a Destruição apenas por conta daquele trio.”
O quarto dos juízes
“Eu vi outro trio no quarto ao
lado deles. Lá estava um belo66 homem que ficou calvo recentemente. Ao
seu lado estão dois jovens homens com suas cabeleiras. Três chapas misturadas
eles usavam. Um pino de prata estava no manto de cada um deles. Três conjuntos
de armaduras estava sobre eles na parede. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Eu os conheço,” respondeu ele.
“É Fergus Ferde, Fergus Fordae e Domáine Mossud, os três juízes do rei. Ai
daquele que causar a Destruição apenas por conta deste trio! Um homem morrerá
por cada um deles.”
O quarto dos harpistas
“A leste deles eu vi outra enéada.
Nove cabeleiras cacheadas e enroladas eles tinham. Nove mantos cinzas e
flutuantes (?) eles usavam, com nove pinos de ouro em seus mantos. Nove anéis
de cristal estavam ao redor de seus braços. Um anel dourado estava no polegar
de cada homem. Um anel de orelha dourado estava em volta da orelha de cada
homem. Um torc de prata estava em
volta do pescoço de cada homem. Nove bolsas com faces douradas estavam sobre
eles, na parede. Nove varas de prata branca eles tinham em suas mãos.
Compare-os.”
“Eu os conheço,” respondeu ele
(Fer Rogain). “Eles são os nove harpistas do rei, com suas nove harpas sobre
eles: Side, Dide, Dulothe, Deichrinne, Caumul, Cellgen, Ól, Ólene e Olchói. Um
homem morrerá por cada um deles.”
O quarto dos ilusionistas
“Eu vi outro trio no estrado. Eles
vestiam três camisolas. Escudos de quatro cantos estavam em suas mãos, com
ornamentos de ouro sobre eles. Eles tinham maçãs de prata e pequenas lanças
ornamentadas.”
“Eu os conheço,” disse Fer
Rogain. “São Cless, Clissíne e Clessamun, os três ilusionistas do rei. Os três
são da mesma idade, três irmãos, três filhos de Naffer Rochless. Um homem
morrerá por cada um deles.”
O quarto dos três satiristas
“Eu vi outro trio perto do
quarto do próprio Rei. Eles usavam três mantos azuis e três camisolas com uma
inserção vermelha sobre elas. Suas armas estavam penduradas na parede acima
deles.”
“Eu os conheço,” respondeu ele.
“São Dris, Draigen e Aittít (Espinheiro, Amoreira e Tojo), os três satiristas
do rei, os três filhos de Sciath Foilt67. Um homem morrerá por cada
uma de suas armas.”
O quarto das Badbs
“Eu vi um trio, nu, na trave
horizontal da casa. Jatos de sangue estão saindo delas, e as cordas68
de seus abates estão em seus pescoços.”
“Eu as conheço,” disse ele,
“três [...] do terrível presságio. Aquelas são as três que são mortas a todo
instante.”
O quarto dos cozinheiros
“Eu vi um trio cozinhando, em
curtas vestes ornamentadas: um nobre homem grisalho e dois jovens em sua
companhia.”
“Eu os conheço,” respondeu Fer
Rogain, “eles são os três cozinheiros principais do rei: o Dagdae e suas duas
crias, Séig e Segdae, os dois filhos de Rofer do Espeto Único. Um homem morrerá
por cada um deles,” etc.
O quarto dos poetas
“Eu vi outro trio lá. Três
chapas de ouro estavam em suas cabeças. Três mantos malhados estavam sobre
eles, três camisas de linho com inserções vermelhas, três broches dourados em
seus mantos e três dardos de madeira na parede acima deles.”
“Eu os conheço,” disse Fer
Rogain, “são o três poetas do rei: Sui, Rodui e Fordui. Os três são da mesma
idade, são três irmãos, os três filhos de Maphar da Canção Poderosa. Um homem
morrerá por cada um deles e cada par manterá entre eles a vitória de um homem. Ai
daquele que fizer a Destruição! Etc.”
O quarto dos guardas de serviço
“Lá eu vi dois guerreiros de pé
ao lado do rei. Eles tinham dois escudos curvados e duas grandes espadas
pontudas. Eles vestiam saiotes escoceses vermelhos e em seus mantos estavam
pinos de prata branca.”
“Estes são Tronco e Raiz,”
respondeu ele, “os dois guardas do rei, os dois filhos de Maffer Toll.”
O quarto dos guardas do rei
“Eu vi nove homens em um quarto
na frente deste mesmo quarto. Cabeleiras loiras estavam sobre eles, que usavam
vestes curtas e capas pintadas, carregando escudos. Uma espada de punho de
marfim estava na mão de cada um deles, e quem quer que entra na casa eles
ensaiam para atacá-lo com as espadas. Ninguém ousa ir para o quarto do Rei sem
o consentimento deles. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Isto é fácil. São os três
Mochmatnechs de Meath, os três Buageltachs de Bregia e os três Sostachs de
Sliab Fuait, os nove guardas do Rei. Nove décadas cairão por eles em seu
primeiro conflito, etc. Ai daquele que causar a Destruição apenas por conta
deles!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél.
“Nuvens de fraqueza, etc.” “E quem tu viste depois?”
O quarto de Nia e Bruthne, os
dois garçons de Conaire
“Lá eu vi outro quarto com um
par dentro dela, e eles eram ‘bois’, fortes e robustos. Eles usavam vestes
oficiais e os homens eram negro e marrom. Eles tinham um curto cabelo preto
sobre eles, mas apenas acima de suas testas. Eles eram tão rápidos quanto uma
roda d’água e um passava pelo outro, um deles ia para o quarto do Rei e o outro
ia até o fogo. Compare-os, ó Fer Rogain!”
“É fácil. Eles são Nia e
Bruthne, os dois criados de mesa de Conaire. Eles são o melhor par da Irlanda
pelos benefícios de seu senhor. O que os tornou marrom e modificou a altura de
seu cabelo é a frequente visita ao fogo. Não há um par melhor que eles em sua
arte no mundo inteiro. Três vezes nove homens cairão por eles em seu primeiro
encontro, e eles compartilharão a proeza com todos e terão a chance de
escapar.” “E quem tu viste depois?”
O quarto de Sencha, Dubthach e
Gobniu, o filho de Lurgnech
“Eu vi o quarto que está próximo
ao de Conaire. Três campeões-chefes, em seus primeiros cabelos grisalhos, estão
nele. Tão grossos quanto a cintura de um homem são cada um de seus membros.
Eles têm três espadas negras que são tão longas quanto um cilindro de tear. Estas
espadas partiriam um fio de cabelo na água. Uma grande lança está na mão do
homem do meio, com cinquenta rebites através dela. Seu cabo é uma boa carga
para o jugo de um grupo de arado. O homem do meio brande aquela lança de forma
que a ponta dos rebites (?) dificilmente conseguem ficar no seu lugar, e ele
sacode o punho três vezes contra sua palma. Há uma grande caldeira na frente
deles, tão grande quanto um caldeirão de um bezerro, e na caldeira está um
líquido negro e horrível. Além disso ele mergulha a lança naquele fluído negro.
Se a extinção das chamas no cabo da lança for demorada, tu poderias supor que
há um dragão flamejante no topo da casa. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“É fácil dizer. São os três melhores
heróis no manejo de armas da Irlanda: Sencha, o belo filho de Ailill, Dubthach
Chafer de Ulaid, e Goibnenn, o filho de Lurgnech. É a Luin de Celtchar, filho
de Uthider, que foi encontrada na batalha de Mag Tured, que está na mão de
Dubthach Chafer de Ulaid. O feito é comum para quando se está pronto a derramar
o sangue de um inimigo. Um caldeirão cheio de veneno é necessário para apagar a
lança quando um ato de assassinato é esperado. A menos que o caldeirão de
veneno apague a lança, ela incendiará seu cabo e irá através de seu portador ou
o mestre do palácio onde está ela estiver. Se for um golpe que será dado com
ela, ela matará um homem a cada golpe enquanto fizer este ato, de uma hora para
outra, apesar da lança não alcançar o homem. Se um arremesso for dado, ela
matará nove homens a cada arremesso, e um dos nove homens será um rei, príncipe
herdeiro ou um chefe dos ladrões.”69
“Eu juro pelo que minha tribo
jura, haverá uma multidão a quem esta noite a Luin de Celtchar concederá
bebidas mortais na frente da Hospedaria. Eu juro pelo Deus que minha tribo jura,
em seu primeiro encontro, trezentos cairão por aquele trio e eles
compartilharão a proeza com cada trio na Hospedaria esta noite. Eles irão se
vangloriar da vitória sobre um rei ou chefe dos ladrões, e os três conseguirão
escapar.”
“Ai,” disse Lomna Drúth,
“daquele que causar a destruição apenas por conta deste trio!”
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
etc. “E depois disto, quem tu viste lá?”
O quarto dos três gigantes
maneses
“Lá eu vi outro quarto com um
trio nele. Três homens poderosos, viris, arrogantes, que não veem ninguém
permanecendo diante de seus três aspectos tortos e medonhos. É uma visão
assustadora devido ao terror deles. Um […] vestido de cabelo crespo os cobre,
de forma que seus corpos [...] de seus olhos selvagens através de um [...] pelo
de vaca, sem vestes envolvendo até os seus calcanhares direitos. Eles têm três
jubas equinas, majestosas e horríveis que chegam até os seus flancos. São
ferozes heróis que manejam espadas de golpes pesados contra os inimigos. Eles
golpeiam com três manguais de ferro tendo sete correntes triplamente
retorcidas, com três pontas70, com sete pontas no final de cada
corrente; cada um destes manguais são tão pesados quanto um lingote de dez
fundições (?). Três homens grandes e marrons. Eles tem jubas negras e equinas
que chegam até seus dois calcanhares. Dois bons terços de um couro de boi estão
no cinto ao redor da cintura de cada um, e cada fivela quadrangular que o
prende é tão grossa quanto a coxa de um homem. A vestimenta que os cobre é
aquela que cresce neles.71 Tranças de suas jubas negras estavam
espalhadas, e um longo bastão de ferro, tão longo e grosso quanto um jugo
externo estava na mão de cada homem, e uma corrente de ferro estava na ponta de
cada bastão, estando no final de cada corrente, um pilão de ferro tão longo e
grosso como um jugo do meio. Eles estão tristes na casa e suficiente é o horror
de seu aspecto. Não há ninguém na casa que não esteja os evitando. Compare
isto, ó Fer Rogain!”
Fer Rogain ficou silencioso. “É
difícil compará-los. Não conheço ninguém dos homens no mundo a menos que eles
sejam o trio de gigantes a quem Cúchulainn deu misericórdia no assalto dos
Homens de Falga, e quando estavam obtendo a misericórdia, mataram cinquenta
guerreiros. Cúchulainn não deixou eles serem mortos devido à sua
maravilhosidade. Estes são os nomes dos três: Srubdaire filho de Dordbruige,
Conchenn de Cenn Maige e Fiad Sceme filho de Scípe. Conaire os trouxe de
Cúchulainn para [...] de forma que estão junto dele. Três centenas cairão por
eles em seu primeiro encontro e eles superarão em proeza cada trio na
Hospedaria; se eles vierem para cima de vós, os fragmentos de seus corpos
passariam através da peneira de um forno de grãos, pela forma que eles os
destruiriam com os manguais de ferro. Ai daquele que fizer a Destruição, apenas
por conta daquele trio! Pois combatê-los não é um ‘hino em volta de um
preguiçoso’ (?), é ‘uma cabeça de [...]’.”
“Vós não podeis,” disse Ingcél.
“Nuvens de fraqueza estão vindo até vós, etc.” “E depois disto, quem tu viste lá?”
O quarto de Dá Derga
“Lá eu vi outro quarto com um
homem, e em sua frente estavam seus dois criados com duas cabeleiras sobre
eles, uma escura, e a outra loira. O guerreiro era ruivo e tinha as
sobrancelhas ruivas. Ele tinha duas bochechas coradas e olhos bem azuis e
bonitos. Ele usava uma capa verde e uma camisa com um capuz branco com uma
inserção vermelha. Em sua mão estava uma espada com um punho de marfim, ele dá
assistência para cada cômodo da casa com cerveja e comida, e tem os pés rápidos72
ao servir toda a tropa. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Eu conheço estes homens. Um
deles é Dá Derga. Foi por ele que a Hospedaria foi construída, e desde que foi
construída suas portas nunca estiveram fechadas, exceto a porta que dá para o
lado por onde o vento vem – a válvula está fechada contra ele – e desde que ele
começou com os serviços domésticos, seu caldeirão nunca foi tirado do fogo, mas
continuou cozinhando comida para os homens da Irlanda. O par diante dele,
aqueles dois jovens, são suas crias Muredach e Corpre, os dois filhos do rei de
Leinster. Três décadas cairão por aquele trio na frente da Hospedaria e eles
irão se vangloriar da vitória sobre um rei ou um chefe dos ladrões. Após isto,
eles conseguirão escapar.”
“Vida longa para aquele que os
protegerem!” disse Lomna. “Melhor seria o triunfo de salvá-los do que o triunfo
de matá-los! Eles devem ser poupados apenas por conta daquele homem. Seria
adequado dar misericórdia para aquele homem,” disse Lomna Druth.
“Vós não podeis,” disse Ingcél.
“Nuvens, etc.” “E depois disto, quem tu viste lá?”
O quarto dos três campeões dos
montes encantados
“Lá
eu vi um quarto com um trio nele. Eles vestiam três mantos vermelhos, três
camisas vermelhas e três cabeleiras ruivas estavam sobre eles. Todos eles eram
vermelhos junto com seus dentes. Três escudos vermelhos estavam sobre eles.
Três lanças vermelhas estavam em suas mãos. Três cavalos vermelhos estavam em
suas rédeas na frente da Hospedaria. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Facilmente. São os três campeões
que proferiram falsidade nos montes encantados. A punição infligida sobre eles
pelo rei dos montes encantados foi serem três vezes destruídos pelo Rei de
Tara. Conaire filho de Eterscéle é o último rei pelo qual eles serão
destruídos. Aqueles homens escaparão de vós. Eles vieram para cumprir sua
própria destruição, mas eles não serão mortos e nem matarão ninguém.” “E depois
disto, quem tu viste lá?”
O quarto dos porteiros
“Lá eu vi um trio no meio da
casa junto da porta. Três maças furadas estavam em suas mãos. Veloz como uma
lebre (?) era cada um deles ao redor do outro em direção às portas. Eles usavam
vestes e tinham mantos cinzas e malhados. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Fácilmente. São os três
porteiros do Rei de Tara: Echur (‘Chave’), Tochur e Tecmang, os três filhos de
Ersa (‘Batente’) e Comla (‘Válvula’). Três vezes o seu número cairão por eles e
eles compartilharão o triunfo de um homem entre eles. Eles conseguirão escapar
apesar de ficarem feridos.”
“Ai daquele que fizer a
Detruição, etc.”, disse Lomna Druth.
“Vós não podeis,” disse Ingcél,
etc. “E depois disto, quem tu viste lá?”
O quarto de Fer Caille
“Lá eu vi diante do fogo um
homem com um cabelo negro e crespo, tendo apenas um único olho, um único pé e
uma única mão, com um porco calvo, negro e chamuscado nas chamas, que gritava
continuamente, e em sua companhia, uma grande mulher de boca grande. Compare
isto, ó Fer Rogain!”
“Facilmente. É Fer Caille com
seu porco e sua esposa Cichuil. Eles (a esposa e o porco) são os seus instrumentos
adequados na noite em que vós destruireis Conaire, o Rei da Irlanda. Ai do
hóspede que correrá (?) entre ambos! Fer Caille com seu porco é um dos tabu de
Conaire.”
“Ai daquele que fizer a
Destruição!” disse Lomna.
“Vós não podeis,” respondeu
Ingcél. “E depois disto, quem tu viste lá?”73
O quarto dos três filhos de
Báithis da Grã-Bretanha
“Lá eu vi um quarto com três
enéadas nele. Cabeleiras amarelas estavam sobre eles e eram igualmente belos.
Cada um deles vestia uma capa preta e havia um capuz branco em cada manto, um
tufo (?) vermelho em cada capuz e um broche de ferro na abertura de cada manto.
Debaixo do manto de cada homem havia uma grande espada negra capaz de dividir
um fio de cabelo na água. Eles carregavam escudos com as bordas curvadas.
Compare-os, ó Fer Rogain!”
“Facilmente. Este é o bando de
ladrões dos três filhos de Báithis da Grã-Bretanha. Três enéadas cairão por
eles em seu primeiro conflito, e entre eles, dividirão o triunfo de um homem.”
“Depois disto, quem tu viste lá?”
O quarto dos mímicos
“Lá eu vi um trio de duros
palhaços diante do fogo. Eles vestiam três mantos pardos. Se os homens da
Irlanda estivessem em um lugar, mesmo se o corpo de sua mãe ou de seu pai
estivesse na frente de cada um deles, eles não poderiam segurar a risada. Onde
quer que o rei de um cantred
estivesse na casa, nenhum deles iria para seu assento em sua cama por causa
daquele trio de palhaços. Sempre que os olhos do rei visita-os, seus olhos
sorriem em cada olhar. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“Facilmente. São Mael, Mlithe e
Admlithe – os três palhaços do rei da Irlanda. Por cada um deles um homem
morrerá, e entre eles, dividirão o triunfo de um homem.”
“Ai daquele que fizer a
Destruição!” disse Lomna, etc. “E depois disto, quem tu viste lá?”
O quarto dos copeiros
“Lá eu vi um quarto com um trio
nele. Eles vestiam três mantos cinzas e flutuantes. Havia um copo de água na
frente de cada homem, e em cada copo, havia um ramo de agrião. Compare isto, ó
Fer Rogain!”
“Facilmente. São Preto, Pardo e
Negro, os três copeiros do Rei de Tara, os filhos do Dia e da Noite. E depois
disto, quem tu viste lá?”
O quarto de Nár, o
Vesgo-com-o-olho-esquerdo
“Lá eu vi um homem de um único
olho, vesgo, com um olho ruinoso. Ele tem uma cabeça de porco no fogo, que
grita continuamente. Compare isto, ó Fer Rogain!”
“É fácil compará-lo. Ele é Nár,
o Vesgo com o olho esquerdo, o criador de porcos de Bodb dos montes encantados
de Femen74, que supervisiona a comida. Sangue foi derramado em toda
festa que ele esteve presente.”
“Levantem-se, então, vós
campeões!” disse Ingcél, “e vão para a casa!”
Com isto, os ladrões marcharam
para a Hospedaria e fizeram um murmúrio em volta dela.
“Fiquem em silêncio!” disse
Conaire, “o que é isto?”
“Campeões estão na casa,” disse
Conall Cernach.
“Há guerreiros para eles aqui,”
respondeu Conaire.
“Serão necessários esta noite,”
Conall Cernach retorquiu.
Lomna Drúth então foi para a
Hospedaria na frente das tropas dos ladrões. Os porteiros o deceparam. A cabeça
foi então arremessada três vezes para dentro da Hospedaria, e três vezes ela
foi jogada para fora, conforme ele mesmo havia profetizado.
Conaire em pessoa saiu da
Hospedaria junto com um pouco de seu povo e lutaram contra a tropa dos ladrões,
matando seiscentos deles antes dele pegar em suas armas. A Hospedaria então foi
incendiada três vezes e três vezes o incêndio foi apagado, e foi reconhecido
que a Destruição nunca deveria ter sido feita se o trabalho das armas não
tivesse sido tirado de Conaire.
Depois disto, Conaire foi pegar
em suas armas e vestiu seu traje de guerra, investindo suas armas nos ladrões,
junto com o bando que ele tinha. Então, após pegar suas armas, seiscentos
caíram por ele em seu primeiro encontro.
Após isso, os ladrões foram
derrotados. “Eu lhe disse,” disse Fer Rogain, filho de Donn Désa, “que se os
campeões dos homens da Irlanda e Alba atacassem Conaire na casa, a Destruição
não deveria ser feita a menos que a fúria e a coragem de Conaire fossem
reprimidas.”
“Curto será seu tempo,” disseram
os feiticeiros com os ladrões. A escassez de bebidas que se apoderou de Conaire
foi a supressão que eles trouxeram.
Depois disto, Conaire entrou na
casa e pediu uma bebida.
“Uma bebida, ó mestre Mac
Cecht!” disse Conaire.
Mac Cecht disse: “Até agora,
esta ordem tu nunca tinhas me dado, lhe dar uma bebida. Há criados e copeiros
que lhe trarão uma bebida. A ordem que obtive de ti até agora foi lhe proteger
quando os campeões dos homens da Irlanda e de Alba lhe atacassem ao redor da
Hospedaria. Tu ficarás seguro e nenhuma lança entrará em teu corpo. Peça uma
bebida para teus criados e teus copeiros.”
Conaire então pediu uma bebida
para seus criados e copeiros que estavam na casa.
“Em primeiro lugar, não há,”
disseram eles, “todos os líquidos que estavam na casa foram atirados no fogo.”
Os copeiros não encontraram uma
bebida para ele no Dodder, e o Dodder corria através da casa.
Conaire novamente pediu uma
bebida. “Uma bebida, ó cria, ó Mac Cecht! Isto é igual a morte, pois de
qualquer forma eu morrerei.”
Mac Cecht então deu a escolha
aos campeões de coragem dos homens da Irlanda que estavam na casa, perguntando
se eles protegeriam o Rei ou se buscariam uma bebida para ele.
Conall Cernach respondeu – e ele
considerou a disputa cruel, e posteriormente, ele sempre teve uma briga com Mac
Cecht. “Deixe a defesa do Rei conosco,” disse Conall, “e vá tu buscar a bebida,
pois foi pedido para ti.”
Mac Cecht então seguiu para
buscar a bebida, levando Lé Fri Flaith, o filho de Conaire, debaixo de seus
braços, junto com a taça dourada de Conaire, na qual um boi com um porco podiam
ser cozidos. Ele levou seu escudo, suas duas lanças e sua espada, levando
também o espeto de seu caldeirão, um espeto de ferro.
Ele investiu sobre os ladrões e
na frente da Hospedaria deu nove golpes com seu espeto de ferro, e a cada
golpe, nove ladrões morreram. Ele fez o feito inclinado de seu escudo e o feito
da borda de sua espada sobre sua cabeça, dando um ataque hostil para eles. Seis
centenas caíram em seu primeiro encontro, e após cortar centenas, ele
atravessou o bando do lado de fora.
Os feitos do povo da Hospedaria,
isto é o que foi aqui examinado, agora.
Conall Cernach se levantou,
pegou suas armas, dirigiu-se até a porta da Hospedaria e deu a volta na casa.
Três centenas caíram por ele, e arremessou de volta os ladrões para três cumes.
Ele se vangloriou do triunfo sobre um rei e retornou, ferido, para a
Hospedaria.
Cormac Condlongas saiu para fora
com seus nove companheiros e atacou os ladrões. Nove enéadas caíram por Cormac
e nove enéadas pelo seu povo, além de um homem para cada arma e um homem para
cada homem. Cormac se vangloriou da morte de um chefe dos ladrões. Eles
conseguiram escapar apesar de ficarem feridos.
O trio dos pictos saíram da
Hospedaria e usaram suas armas nos ladrões. Nove enéadas caíram por eles, que
conseguiram escapar apesar de ficarem feridos.
Os nove gaiteiros saíram e
colidiram o seu trabalho bélico nos ladrões, e depois, conseguiram escapar.75
No entanto, então, é longo de se
relatar este cansaço de mente, esta confusão dos sentidos, este tédio aos
ouvintes, esta superfluidade de narração para repetir as mesmas coisas duas
vezes, mas o povo da Hospedaria vieram em sua ordem e lutaram seus combates com
os ladrões, e morreram por eles, como Fer Rogain e Lomna Drúth tinham dito para
Ingcél, que o povo de cada quarto sairia e daria seu combate, e após isso,
escapariam. Ninguém foi deixado na Hospedaria na companhia de Conaire, exceto
Conall, Sencha e Dubthach.
Agora, após o veemente ardor e a
grandeza da disputa com a qual Conaire lutou, sua grande sede o atacou, e ele
pereceu com uma febre consumidora, pois ele não obtivera sua bebida. Quando o
rei morreu, estes três saíram da Hospedaria e deram um astucioso golpe (?) de destruição
nos ladrões e foram embora da Hospedaria feridos, quebrados e mutilados.
Quanto a Mac Cecht, no entanto,
ele seguiu até chegar no Poço de Casair, que está perto dele em Crích Cualann,
mas ele não encontrou água lá para encher sua taça, que é a taça dourada de
Conaire que ele trouxe em sua mão. Antes do amanhecer ele tinha ido aos
principais rios da Irlanda: Bush, Boyne, Bann, Barrow, Neim, Luae, Láigdae,
Shannon, Suir, Sligo, Sámair, Find, Ruirthech e Slaney, e neles, ele não
encontrou nada para encher sua taça de água.
Então, antes do amanhecer ele
viajou até os lagos principais da Irlanda: Lough Derg, Loch Luimning, Lough
Foyle, Lough Mask, Lough Corrib, Loch Láig, Loch Cúan, Lough Neagh e Mórloch, e
não encontrou água para encher sua taça.
Ele seguiu até chegar em Uaran
Garad em Magh Ái. A água não pôde se esconder dele, e então ele foi capaz de
encher a taça e deixou o menino cair de seus braços.
Depois disto, ele chegou na
Hospedaria de Da Derga antes do amanhecer.
Quando Mac Cecht estava no terceiro cume em direção a casa, lá
estava dois homens cortando a cabeça de Conaire. Mac Cecht decepou um dos dois
homens que estavam decepando Conaire. O outro homem fugia com a cabeça do rei.
Um pilar de pedra estava aos pés de Conaire no piso da Hospedaria. Ele o
arremessou no homem que tinha a cabeça de Conaire e o pilar atravessou sua
espinha, fazendo suas costas quebrarem. Após isso, Mac Cecht o decepou. Mac
Cecht então derramou a taça de água na garganta e no pescoço de Conaire. A
cabeça de Conaire então disse, após a água ter sido colocada em seu pescoço e
garganta:
“Um bom homem é Mac Cecht! Um
excelente homem é Mac Cecht!
Um bom guerreiro por fora e por
dentro,
Ele dá uma bebida, ele salva um
rei, ele faz uma proeza.
Bem, ele acabou com os campeões
que encontrei.
Ele arremessou um pilar de pedra
nos guerreiros.
Bem, ele cortou na porta da
Hospedaria
[...]
Fer Lé,
De forma que uma lança está
atravessada em seu quadril.
Bom eu seria se fosse famoso
como Mac Cecht
Se eu estivesse vivo. Um bom
homem!”
E após isso, Mac Cecht seguiu o
inimigo derrotado.
Alguns livros relatam que apenas
alguns poucos caíram por Conaire: apenas nove. E dificilmente um fugitivo
escapou para contar as notícias aos campeões que estavam na casa.76
Onde estavam cinco mil – e em
cada milhar, dez centenas – apenas um grupo de cinco homens escaparam: Ingcél e
seus dois irmãos Echell, Tulchinne e a ‘Criança dos Ladrões’ – os três bisnetos
de Conmac e os dois Vermelhos de Róiriu que tinham sido os primeiros a ferir Conaire.
Depois disto Ingcél foi para
Alba e recebeu o reinado após o seu pai, uma vez que ele levou para casa o
triunfo sobre um rei de outro país.
Isto, no entanto, é a recensão
em outros livros, e provavelmente é a mais verdadeira. Do povo da Hospedaria,
quarenta ou cinquenta morreram, e dos ladrões, três quartos, e um terço77
deles escaparam da Destruição.
Quando Mac Cecht estava deitado
ferido no campo de batalha, ao final do terceiro dia, ele viu uma mulher
passando.
“Vem cá, ó mulher!” disse Mac
Cecht.
“Não ouso ir,”78
disse a mulher, “com medo e horror de ti.”
“Houve uma época em que eu tive
isto, ó mulher, horror e medo de mim em alguém. Mas agora tu não deves temer.
Eu te aceito na verdade de minha honra e salvaguarda.”
A mulher então foi até ele.
“Eu não sei,” disse ele, “se é uma
mosca, um mosquito (?) ou uma formiga que me belisca em minha ferida.”
Era então um lobo peludo que
estava enterrado até os seus dois ombros na ferida!
A mulher o pegou pela cauda e o
tirou da ferida, e o lobo tirou suas mandíbulas do homem.
“Verdadeiramente,” disse a
mulher, “está é ‘uma formiga da terra antiga’.”
Mac Cecht disse, “Eu juro pelo
Deus que minha tribo jura, eu o considerei não maior que uma mosca, um mosquito
ou uma formiga.”
Mac Cecht pegou o lobo pela
garganta e golpeou sua testa, matando-o com um único golpe.
Então Lé Fri Flaith, o filho de
Conaire, morreu debaixo dos braço de Mac Cecht, pois o calor e o suor do
guerreiro o dissolveu.79
Após isto, Mac Cecht, tendo se
limpado da matança, partiu no final do terceiro dia arrastando Conaire em suas
costas, e o enterrou em Tara, conforme alguns dizem. Mac Cecht então partiu
para Connaught, para sua própria terra, para que pudesse trabalhar sua cura em
Mag Bréngair. Por conta disto a planície foi nomeada por conta da miséria de
Mac Cecht, que é, Mag Brén-guir.
Conall Cernach escapou da
Hospedaria e três vezes cinquenta lanças tinham atravessado o braço com o qual
ele segurava seu escudo. Ele seguiu até a casa de seu pai, com metade de seu
escudo em sua mão, sua espada e os fragmentos de suas duas lanças. Ele
encontrou seu pai diante de seu jardim em Taltiu.
“Velozes são os lobos que te
caçaram, meu filho,” disse seu pai.
“Foi isto que nos feriu, velho
herói, um conflito maligno com guerreiros,” Conall Cernach respondeu.
“Tens tu notícias da Hospedaria
de Dá Derga?” perguntou Amorgin.
“Teu senhor está vivo?”
“Ele não está vivo,” disse
Conall.
“Eu juro pelo Deus que as
grandes tribos de Ulaid juram, é covardia para um homem que saiu de lá vivo
tendo deixado seu senhor com seus inimigos na morte.”
“Minhas feridas não são inocentes,
velho herói,” disse Conall.
Ele mostrou seu braço do escudo
onde estavam as três vezes cinquenta feridas que foram infligidas sobre ele. O
escudo que o protegia foi o que o salvou, mas o braço direito tinha sido tocado
em dois terços, uma vez que o escudo não o protegeu. O braço estava mutilado,
destroçado, ferido e perfurado, e os tendões mantinham o braço em seu corpo sem
separação.
“Este braço lutou esta noite,
meu filho,” disse Amorgein.
“Isto é verdade, velho herói,”
disse Conall Cernach. “Muitos foram aqueles a quem o meu braço deu bebidas da
morte na frente da Hospedaria esta noite.”
Quanto aos ladrões, cada um
deles que escapou da Hospedaria foi até o cairn que haviam construído na última
noite e tiraram uma pedra de lá para cada homem que não estivesse mortalmente
ferido. Então, isto é o que eles perderam pela morte na Hospedaria, um homem
para cada pedra que está agora em Carn Lecca.
Acabou. Amém. Acabou.
Notas de rodapé de Whitley
Stokes
1. O monte encantado de Midir, a
oeste de Ardagh no Condado de Longford. Ver os dindsenchas, Rev. Celt., 16, 78.
2. W. M. Hennessy traduziu,
tardiamente, esta palavra como “salpicada”.
3. Isto é, vinte e uma vacas.
4. Os três primeiros parágrafos
coincidem com o Tochmarc Étáine,
Seções 3, 4 e 5, conforme publicado em Ir. Texte, I, 119-120.
5. Il la saist et
posséda.
6. Cf. Seção 13. Esta passagem
indica, na Irlanda, a existência de totens e da regra de que a pessoa a quem o
totem pertence não pode matar o seu animal-totem: ver Rev. Celt. 12, 243; 21,
286.
7. Meas .i. dalta, O’Cl.
8. Veja como em Serglige Conculainn, Ir. Texte, I, 200,
213, onde aparece que o touro era branco (find).
9. Em Aegira na Acaia, a sacerdotisa
da Terra bebia o sangue fresco de um touro antes de descer para a caverna a fim
de profetizar, Frazer, The Golden Bough,
I, 134, citando Plínio H. N.
xxviii-147.
10. Literalmente: seus lábios pereceriam.
11. Cf. doberait
laim tairis, LL. 402b31.
12. Ver et rofócrad duit, ar se, nemdibrucud én, Eg. Ardograd dit dibrigud én, St.
13. A foz do rio Boyne.
14. Quanto à influência de um bom
rei nas estações, ver o Rolls edition of
the Tripartite Life, p. 507, nota.
15. Cf. Ac folmasi a gona LL. 74a19. Folaimtis 3d pl. Pres. De folámur suscipio, tento, (epicheioeo, Strachan. Deponent, p. 13,
nota 4).
16. Ruidead,
talvez = ro-fethed (rofuided, Eg.).
17. O’Cl.; mas cf. fri faelad .i. i conreachtaibh, Cóir Anmann, Ir. Texte, III, 376.
18. Co ro laat St.
corolat YBL.
19. Literalmente: ‘que o dizer isto
venha para mim!’.
20. Compare uma similar lista de
presentes no Amra Chonrói.
21. Isto coincide com a frase que
aparecerá mais para frente em que apenas nove morrem, incluindo (ou em volta de)
Conaire.
22. Cf. Fyrr vildak, at Frekasteini, brafna sedhja, á hraerum thinum, ‘Primeiro
eu iria para Wolfstone saciar os corvos com os corpos deles’, H. H., i, 44
citado por Bugge, Home of the Eddic Poems,
p. 210 n.
23. Oesa=aesa (dána), LU. 101a18. Eles tinham sido banidos dos montes
encantados, ver mais além a Seção 136, e para eles voltarem, Conaire teria que violar
um de seus tabus. Ver Seção 16.
24. Ver mais além a Seção 63, e
Rev. Celt., 21, 395, e, quanto ao ficar em um único pé, Frazer, The Golden
Bough, 2ª. Edição II, 32. Estava o costume de ir com um pé descalço e o outro
calçado (ibid., II, 298n) aliado com essa prática mágica?
25. ‘Homem do Bosque, Waldenmensch? Zimmer, KZ. XXVIII,
558.
26. Sugerido pelo berserker dos Escandinavos e o furor bersercicus, ‘quando eles uivavam
como bestas selvagens, espumava a boca, e mordiam o aro de ferro de seus
escudos’.
27. Literalmente ‘deve ir embora’.
28. –aitside por –aistidi,
part. perf. pass. de –astaim.
29. – fobdi, pl. n. de fobhaid .i. luath nó ésgaid, O’Cl.
30. Por isso, da Seção 58, parece
que míle, como o thúsundi germânico, era originalmente um substantive abstrato vago
significando ‘muitas centenas’.
31. Agora o Navan Fort, duas milhas
a oeste de Armagh.
32. Cf. a Midhgardhsomr, a serpente
do mundo, ‘cujo corpo envolve toda Midgard’. Nas traduções em islandês antigo,
o Leviatã é traduzido como Midhgardhsorme, Clesby-Vigfusson.
33. Ver Zimmer, KZ., XXX, 84.
34. Quanto ao mau olhado, na Irlanda, ver Irische Texte,
IV, 323.
35. O cern, cerr, caer, cáer do MSS. não dá uma tradução satisfatória. Leia ceinn, de onde cenni (gl. Scamae) Arm. 176b 2, e cf. Cymr. Cenn, ON. Hinna ‘membrana, película’.
36. Compare as cordas dos nomes
místicos no encantamento contra as bruxas que roubam crianças, ed. Gaster,
Folklore, XI, 133, 145, 149.
37. Cf. doraith St. H. Cf. ni dessetar da ráith LL. 96b2.
38. Cf. a prática persa descrita
por Procópio, ed. Dindorf, pp. 97, 98; e ver The Academy for August 25, 1894, p. 134;
39. Aqui Zimmer emendaria (desnecessariamente,
eu acho) o irlandês, KZ. XXVIII, 566.
40. Cf. Seção 105.
41. Isto é, seu deus tribal, ou,
talvez seu totem tribal. “Os Baperi são comumente chamados de Banoku, ‘eles do
porco-espinho’. Seu grande juramento é aquele do ka noku ‘pelo porco-espinho’,
devido a maioria deles que cantam usarem essa frase consagrada, insinuando que
eles festejam, cultuam ou reverenciam aquele animal’, Folklore, XII, 32.
42. ara lechet .i. ara caimi LU. 20a 29.
43. Parece referir-se a afinação do
cantor, dos dois zumbidos de junco mais curto, e do zumbido longo, quatro no
total.
44. Cf. o galês pen-teilu.
45. Mid-recht lit., “das meias fúrias”.
46. Por isso podemos supor que o bróc, ou a sandália aqui referida era amarrada ao pé por cinco alças ou correias
transversais.
47. Ver a Seção 46, supra, p. 47.
48. Poema faltando a tradução.
49. Isto é, o continente europeu.
50. Um composto como braquicéfalos.
51. Literalmente ‘o dourado arbusto
(dos) de uma grande árvore (bile)’.
52. Outro nome para ele é o
Lámthapad de Conall Cernach, devido a rapidez e agilidade com o qual esse escudo
de Conall Cernach é manejado e agarrado. Quanto ao Lámthapad de Conall Cernach,
ver também LL. 107a3. – Eg.
53. Whitley Stokes falhou em
traduzir os poemas nessa seção e deu apenas a primeira linha de cada um.
54. Para uma suposição infeliz que
supõe ser a tradução de toda esta parte, ver o Manners and Customs de O’Curry, III, 142.
55. Um pequeno rio próximo a
Dublin, que diz-se passer através do Burden.
56. Na baía de Glandore, Condado de
Cork, Rev. Celt., 15, 438.
57. Em Ballyshannon, Condado de Donegal, Rev. Celt., 16,
33.
58. O irlandês aqui é obscuro, e
provavelmente corrupto. Para tricha cét,
cf. Seção 138.
59. Cf. Seção 77 supra.
60. Literalmente ‘produziu’, tarlaic, de to-air-ro-léic.
61. O óenmarcach da história da
morte de Cúchulainn, Rev. Celt., 3, 183.
62. Isto é, Espuma, Chuva e Gota.
63. Isto é, Orvalho.
64. Lit. colocá-lo (dorat, rectius darat) em estupor (moth, MI. 68b9).
65. Alguma parte da casa ou sua mobília = craund siuil Seção 115.
66. Leg. Careca.
67. Sciachfolt?
68. Com essas cordas, C. H. Tawney
comparou o homérico peirat’ olethrou
Ilias 6, 143: Od. 22, 41: cof. Também com o anglo-saxão Dha feowere faeges rápas, ‘as quatro
cordas do homem condenado’. Salomão e Saturno, ed. Kemble, p. 164, wridhene wael-hlecan ‘correntes
retorcidas do abate’, Elene 47.
69. Este parágrafo e o anterior
sugerem a seguinte passage no Ferguson’s
Conary: ‘Nas mãos de Duftach está o famoso Iann, de Keltar filho de
Utechar, que erst, um feiticeiro dos
Tuatha De Danann trazido, para a batalha de Moy Tury, e lá se perdeu: sendo
encontrado depois. E estes movimentos da lança, e de repente ela ataca sendo
difícil de ser contida. Muitas vezes ela afeta como sangue de inimigos, está
pronta para o derramamento; e um caldeirão então, cheio de uma infusão
feiticeira precisa estar em mãos, para extingui-la, quando o ato homicida, é
esperado por sua lâmina; se não extingui-la, ela incedia, até mesmo a mão do
portador. E através do portador e através da pranchas da porta, ela foge para
saciar a si mesma em massacre.’ Então a lança de Diomede mainetai palamesin, Il., VIII, iii.
70. Cis .i. faebar H. 3, 18, p. 627.
71. Isto é, o cabelo.
72. Incessante, O’Curry, M. e C.,
III, 149. Coss-alach parece uma
composição de coss ‘pé>’ e alach, dat f. Alich, Trip. Life 340. cogn. com Lat. Alacer?
73. Aqui eu sigo Zimmer (shone des Britten Báithis, KZ.
28, 561). Mas é
possível que báithse, ou baise, possa ser o gen. sg. de um
substantivo comum, não um nome próprio.
74. Uma planície perto de Cashel,
Condado de Tipperary. Quanto ao rei fada Bodb Derg, ver o Dingsenchas, nos. 12,
55, 57. Rev. Celt., 15, 303, 451, 452.
75. Estas palavras inspiraram a
seguinte passagem em Ferguson’s Conary:
‘Parecia como a terra e o céu eram ressoados sozinhos, e cada som um
enlouquecedor chamado de batalha, então espalhou-se o desejo de brigar através
do peito e do cérebro, e cada arma para uma façanha de combate amarrado. As
tropas saíram: as tropas dentro, escutaram o tumulto alto de suas portas, rolou
para fora; e o choque e o clamor escutados; dos inimigos que caíram antes; e
sobre ele, a gaita de foles gritante.’
76. Literalmente: não é muito se.
Esta é a melhor suposição que posso fazer no significado de uma passagem difícil.
Para outra conjetura ver Zimmer, KZ., XXVIII, 563 n.
77. Leg. Quarto?
78. Cf. a tuidecht
MI. 53d9.
79. Cf. os dindsenchas de Ráith
Cnámrossa, Rev. Celt. 15, 133.
Fonte: CELT – Corpus of Electronic Texts. “The Destruction
of Da Derga’s Hostel”. Tradução
por Whitley Stokes. Disponível em: <http://www.ucc.ie/celt/published/T301017A/>.
Acesso em: 09 de janeiro de 2017.
Notas de tradução
A. Kirtle. Segundo a Wikipédia,
o kirtle era um tipo de vestimenta
usada por homens e mulheres na Idade Média, e era tipicamente vestido por cima
de uma camisa ou uma bata.
B. Funda. Também conhecida como estilingue, segundo o Wikipédia, “é uma
arma de arremesso constituída por uma correira ou corda dobrada, em cujo centro
é colocado o objeto que se deseja lançar.”
C. Lobos. Lobisomens, aparentemente.
D. Cabra-loura. Um escaravelho de grande porte da família Lucanidae. A
passagem faz referência à coloração negra do escaravelho.
E. Nonas. No calendário romano, as nonas eram datas móveis de um mês,
caindo sempre no quinto ou sétimo dia a depender do mês.
F. Cairn. Uma pilha de pedras construída em tempos pré-históricos para
marcar um túmulo ou um lugar importante.
G. Fians. Mais conhecido como fiannas,
eram um bando de guerreiros marginais (no sentido de estarem à margem da
sociedade irlandesa antiga) liderados pelo rigfénnid (o rei-fennid), sendo o
mais conhecido o poeta-guerreiro Finn mac Cumhall.
H. Maçã de caranguejo. Nome comum para a Malus Sylvestris, conhecida em inglês como “Crab apple”.
I. Midcourt. Ou Meadcourt, era o
salão de festas que cada fortaleza tinha.
J. Cantred. Segundo a Wikipédia,
era o nome dado a subdivisão de uma região nos séculos XIII e XV na Irlanda,
sendo o equivalente a uma baronia.
K. Greaves. Uma peça de armadura
que protege as pernas.
L. Varetas. O termo original em inglês é goad, que consite em uma vareta com um espinho na ponta usado para
incitar o gado.
M. Chapas. O termo em inglês é plate,
que se traduz para “chapa, prato ou lâmina”. Provavelmente a palavra esteja se
referindo aos cabelos, já que nenhuma dessas traduções possíveis são coerentes
com o contexto, acredito eu.
N. Mastro. Como Stokles supôs, provavelmente se trata de uma parte da casa
ou componente de sua estrutura, sendo provavelmente um pilar.
O. Caldeirão de um bezerro. Provavelmente esteja se referindo a um
caldeirão tão grande que daria para cozinhar um bezerro inteiro.
P. Criados. O termo original em inglês era spencer, que segundo o Wiktionary, significa alguém que toma conta
da copa da casa. Como não fazia muito sentido aqui, optei por traduzir o termo
para “criado”.
Para ter o arquivo em .pdf, clique aqui.
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